quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

eletrocardiocaraças

recebi ontem uma chamada de um número desconhecido. estava indecisa a ver se atendia ou não. atendi. era a rapariga da medicina do trabalho. e não consegui escapar. olá joana, é para marcar os exames médicos da medicina do trabalho. qual é a sua disponibilidade? pronto, já fui. o meu cérebro bloqueou por breves segundos e quando voltei a pensar decidi marcar o mais rápido possível que era para não ter muito tempo para pensar em mariquices. e mesmo assim de um dia para o outro já deu para imaginar muita coisa. nunca tinha feito tantos exames médicos como hoje. fi-los porque fui apanhada na curva. ou porque fui obrigada. mais isso. tendo sido apanhada de surpresa ou não tinha que os fazer de qualquer maneira. análises. nunca tinha feito análises na minha vida. impressionante, não é? hoje foi o dia. já posso dizer que fiz chichi para o copo. e ainda bem, porque não podia morrer sem saber qual era a sensação de fazer chichi para um copo. não é bonito. tinha que estar em jejum, claro. mas acordei mais cedo do que o suposto. e o meu estômago começou a dar de si também mais cedo do que era suposto. mesmo ainda antes de sair de casa pensei que fosse cair para o lado. olhei-me ao espelho e estava mais pálida que uma parede branca. nunca desmaiei. mas estava a achar que era hoje também me estreava nessa matéria. peguei no carro e fui a conduzir muito devagarinho. ou não fosse mesmo cair para o lado. e se isso acontecesse sempre provocava menos danos. vejam só o drama. não se esqueçam do texto de ontem. eu sou uma maricas. sou mesmo. choro com agulhas. só de as ver. bom, hoje lá fui. estava sozinha e pensei que tinha de me comportar. disse ao tipo que nunca tinha feito análises e que tudo era novidade para mim. menos as agulhas. essas conheço-as eu bem. e disse também que provavelmente ia chorar e pedi que não fosse alvo de chacota. o que me vale é ter boas veias. não chorei. mas também não vi o tamanho da agulha. nem vi o sangue. se não o cenário teria sido bastante diferente. eu acho que de manhã, ainda em casa, só de olhar para o chichi no copo se me ia dando o badagaio. análise feita. estava eu pronta para ir embora. toda contente porque o pior já tinha passado. eis senão quando me dizem que tenho mais três exames agendados. desculpe? como? eu? eu tenho mais exames? quantos? quando? hoje? agora? juro que isto se passou assim. lá fui. obrigada. pois claro. de outra forma nem as análises me tinham feito. exame ao toráx. dispa-se da cintura para cima e vista a bata. ainda tinha uma esperançazinha em não ficar em pelota e perguntei tiro também o sutiã? claro que tive que tirar o sutiã. sua burra de merda. exame ao toráx querias tirar o quê? e a bata era mais que transparente, claro. bom, exame ao toráx feito. seguiu-se o exame oftalmológico que não foi novidade nenhuma. o pior foi quando me chamaram para o eletrocardiograma. nem sei bem o que é. ninguém explica. só querem é ver-nos em pelota deitados na marquesa e o resto é conversa. outra vez: dispa-se da cintura para cima e deite-se na marquesa. e mais uma vez lá vou eu com a esperançazinha de poder ficar de sutiã. claro que não podia. imaginem que era um tipo giraço e todo no sítio a colocar-me ventosas nas maminhas? p'lamor de deus. esta história de ir ao médico não é fácil. é por isso que não vou. não gosto da espera. não gosto de fazer exames. não gosto de agulhas. não gosto de mostrar maminhas a pessoas aleatórias. não gosto de nada. por mim morria podre por dentro, mas nem isso me deixam. agora o medinho é receber os resultados de tudo. finalmente vou saber se realmente estou podre por dentro ou não. mas tão cedo não me apanham numa destas. a não ser que seja mais uma vez obrigada. aí não tenho opção de escolha.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

eu sou destas

eu sou insuportável quando estou doente. eu sei. e por doente entenda-se constipada, engripada. quando é pior que isto estou quase a morrer. e nessas alturas em vez de falar gano. sim, gano. do verbo ganir. a minha irmã já sabe o que a casa gasta e quase nunca me liga nenhuma. ela tenta disfarçar a falta de paciência, mas eu topo-a bem. tenho de implorar pela sua atenção e pergunto coisas que já sei, mas preciso da sua confirmação para ficar bem comigo mesma. quantas mais pessoas estiverem solidárias comigo melhor. mesmo que se trate apenas de uma gripe. como é o caso. comecei com dores de garganta no sábado a rezar para que não fosse amigdalite. não era. e ainda bem. mas agora precisava de uma botija de oxigénio porque tenho as duas narinas entupidas e respirar não está fácil. respiro pela boca. e mal. vêem? não consigo evitar queixar-me. está-me no sangue. mas isto é uma chatice. porque pelo nariz não respiro. e a boca começa a secar ou então entra tanto ar não filtrado (porque não tenho pelos na boca, que estranho) que tenho vontade de tossir. há pouco fui lavar os dentes e por momentos pensei que fosse morrer asfixiada com pasta. nariz caput. e o único buraquinho por onde consigo respirar estava tapado. que beleza. já tomei muitos medicamentos. muitas pastilhas. muita mebocaína. muito chá. no primeiro dia queixava-me da garganta e dores no corpo. até hoje estava a conseguir manter as queixas. mas a coisa mudou de figura. afinal tinha de chatear a minha irmã com outra coisa que já não havia pachorra para a história das dores de garganta. agora o que me está a lixar o esquema é mesmo o nariz. amanhã não sei bem do que me vou queixar. talvez tosse? hoje já deu sinais de que está para vir. eu gosto mesmo é de me queixar. e de ter quem me oiça, claro. tenho pena de quem tem que me aturar nestas alturas. algum dia que esteja internada vou ser daquelas de quem os enfermeiros se esquecem sem querer. lição a tirar: nunca me internem porque vou acabar por morrer esquecida. porque sou uma doente chata. porque só me queixo. 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

pê-dê-á

e o trauma das festas de fim de ano? há por aí pessoas a sofrer do mesmo que eu sei. não consigo lembrar-me de um ano em que a dita pê-dê-á não tenha sido um flop. é uma noite que não gosto. por várias razões. há sempre milhares de programas, mas no final ficas apeado e juntas-te a um grupo de pessoas que nunca viste na vida. normalmente não as voltas a ver. mas depois sem te aperceberes já são amigos no facebook. porque entretanto o à vontade dos copos deu-te para aceitar os pedidos de amizade dos compinchas da passagem de ano. no ano seguinte já foram excluídos dos teus contactos e voltas a não saber quem são. na verdade nunca soubeste. outra razão que me leva a não gostar desta época festiva é a volta para casa. nunca há uma merda de um taxi. metros caput. boleias nem pensar porque vai tudo bêbado de certeza. autocarros, só se quiseres chegar ao destino final em cuecas. como já quase me aconteceu. também não gosto da passagem de ano por ser imposta. naquela noite quem não sair para os copos e para a puta da loucura é um ovo podre. é um antissocial e não sabe nada da vida. como se a passagem de ano não acontecesse todos os anos e como se o próximo ano não fosse só mais um. muitas são as resoluções. os desejos. mas depois as pessoas acham que as coisas caem do céu. exemplo: arranjar emprego. (um à parte, quando pedem os desejos pedem por favor ou são rudes e ordenam que aquilo aconteça durante o ano que se segue?). amigo, se não mexeres o rabinho não te vai aparecer uma proposta de emprego caída do céu. a não ser que sejas filho-sobrinho-neto-primo-afastado-amigo-do-primo-do-papá-ou-da-mamã de um cunhas qualquer. e isso não está correto. queres trabalho, procura. sim? enfim, banhos de champanhe vindos de pessoas aleatórias também não é algo que me agrade. tudo bem que estão todos muita felizes, mas pa, dispenso. a sério. eu sei que neste dia as pessoas sujeitam-se até a levar com merda em cima, mas por muito que tente, não consigo incluir-me nesse maralhal de pessoas demasiado felizes que até levam com merda se for preciso, porque afinal é a pê-dê-á, e é para partir tudo. todos os anos digo que não volto a festejar a passagem de ano. todos os anos me convencem do contrário. a ver se este ano consigo ficar em casa enrolada na manta a ver o ano a passar pelo mundo fora. eishh, que deprimente. vá, a ver um filme, então. ou uma série. ou simplesmente a dormir. eishh que deprimente. é. então se estiver a chover melhor para mim. sempre é mais uma desculpa para me deixarem estar sossegada. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

low battery

o som da loiça a ser arrumada está no topo da lista dos barulhos mais irritantes de sempre. está taco a taco com o zumbido de mosquito a meio da noite. e o pior nem é quando sou eu a arrumá-la, mas sim quando está alguém a arrumar os pratos, os talheres, os copos. tudo a tilintar e eu a ouvir todos esses sonzinhos que se me entram pelos tímpanos adentro e fazem estremecer os miolos. agora imaginem isto mas com uma dor de cabeça que até dá vontade de vomitar. eu quase chorei. acho que fiz beicinho e fechei os olhos com força. mas não saíram lágrimas. não sei como. porque estava a ser muito doloroso. é uma sorte estar a conseguir olhar para o ecrã do computador. há bocado nem para telefone com o brilho no mínimo. coitadinha de mim. ainda não parei de me lamentar, não foi? amanhã volto com mais energia. 

sábado, 3 de dezembro de 2016

ahhhh, o natal

está um dia de merda, não é? nestes dias temos um leque de coisas para fazer à nossa escolha. podemos optar por ficar em casa e devorar a despensa. podemos arriscar ir para o colombo ter um ataque de nervos. como já estamos em dezembro podemos também querer decorar a casa com coisinhas de natal. hoje está um belo dia para escrever sobre o natal, não está? para isso e para comer. vou aproveitar enquanto tenho as castanhas no forno para escrever umas coisinhas lindas para vocês, boa? ora, já todos sabem que eu e o natal temos uma relação complicada. o natal só tem uma parte boa. não são os presentes. não é a reunião familiar. e também não é a comida. são as férias. o natal é uma desculpa ótima para ter férias. quem não? tudo o resto é mau. já pensaram sobre isso? ora vejamos. montar e desmontar a árvore. qual é a parte gira nisto? para além de ter que ir à arrecadação mexer em caixas com pó, a bricolage nunca foi o meu forte. não gosto de montar móveis do ikea e muito menos de montar e desmontar árvores de natal. na verdade, a árvore de natal é um flagelo. o presépio. das últimas vezes que fiz o presépio coloquei-o dentro da lareira. a minha é daquelas que tem uma porta de vidro. e que nunca foi usada. foi um choque para os tios supé católicos. ahh, c'horror o presépio na lareira? mas vai arder? este ano ainda mais chocados vão ficar porque vão olhar à volta e cadê o presépio? tio, a arrecadação é no menos dois, o menino jejus (sim jejus, porque é dito supé rápido) e o resto da trupe estão algures embrulhados em jornais algures numa caixa cheia de pó. quem quiser sinta-se à vontade para o ir buscar. fica durante a consoada e volta imediatamente para o menos dois assim que acabar o jantar. os presentes. os presentes cada vez me chateiam mais. joana, o que queres para o natal? peço sempre o meu perfume. uso todos os dias e até me dá jeito que mo ofereçam. que eu tenho gostos muito caros. sou supé beta e supé de bem. este ano disseram-me que não ia dar para me oferecerem o perfume. oh que merda, mais a porcaria dos presentes. apetece-me dizer que não quero nada. mas depois fica-me mal. oh joana, não queres nada? nem uma caixinha de chocolates? muito menos uma caixinha de chocolates! quero cuecas, meias. pasta de dentes. cereais para o pequeno almoço. coisas que uso no dia a dia, boa? o colombo. as amoreiras. a baixa. o raio que vos parta. tudo cheio de gente. as filas do supermercado. infindáveis. dezembro é o mês em que se passa fome cá em casa, porque fazemos de tudo para não pôr os pés nessas superfícies retalhistas que nesta altura têm mais pessoas do que comida. tenho vindo a aprender a lidar com toda esta história do natal. há uns tempos ficava irritada. com os nervos em franja. este ano estou a tentar manter a calma. mas a empregada que não me venha com ideias de ir buscar a árvore ao menos dois. nem o boneco de neve. nem o presépio. nada. este ano o único enfeite de natal que vou ter em casa é a pêpa vestida de rena. agora vá, beijinhos que já me cheira a castanhas. 

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

mais amor, por favor

as mulheres são más umas para as outras. uma mulher não suporta ter uma chefe também mulher. uma mulher não suporta que outra mulher a ultrapasse na estrada. as mulheres não gostam de mulheres. é uma chatice esta cultura de ódio entre mulheres. o cérebro feminino às vezes é tão estúpido que há dias em que me apetecia acordar homem. as mulheres não enfrentam os homens. as mulheres vivem para agradar os homens. mas porque não agradar também as mulheres? porque não agradar a todos? estava há pouco no trânsito. fiz pisca (aquela luzinha laranja que muitos paracem não conhecer, essa mesmo) para a esquerda e a tipa que ia atrás do lado esquerdo acelerou colando-se ao carro da frente para não me deixar passar. porquê? não sei, mas se calhar estar a pôr o meu carro à frente do dela significava estar à frente na corrida. e isso é que não pode ser. como esta há muitas. e muitos. que o assunto homens também tem pano para mangas. mas bolas, não há necessidade. no trânsito ou onde for. sejam mais tolerantes umas com as outras, pode ser? como diz o outro, mais amor por favor. guardem os problemas para vocês que ninguém tem que levar com o mau humor alheio. isto é válido para mulheres e homens. mas as mulheres andam muito ressabiadas. easy girls. a vida é boa. e já que cá andamos todos, ou todas, bora facilitar-nos as vidas. podemos começar por abdicar da prioridade de vez em quando, porixempos. boa? para podermos de deixar de ouvir o típico tinha que ser uma gaja quando alguma coisa corre mal na estrada. porque na verdade, na maior parte das vezes, é mesmo uma gaja. que merda. 

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

coca-cola vs pepsi

eu sou daquelas pessoas que rejeita a sugestão do empregado quando pergunta se quero pepsi tendo eu pedido uma coca-cola. e sou também daquelas pessoas que nunca tendo feito blind test nenhum acredito piamente que sei distinguir uma pepsi de uma coca-cola. é verdade que, à partida, somos manipulados pelo rótulo e embalagem. mas, ainda assim, tenho fé em mim. decidi fazer então uma prova cega para acabar com esta história de uma vez.

eis o que comprei

1 coca-cola normal
1 coca-cola zero
1 pepsi normal
1 pepsi zero
1 cola marca branca

eis as combinações que queria testar

coca-cola normal vs pepsi normal
coca-cola normal vs cola marca branca
coca-cola normal vs coca-cola zero
coca-cola zero vs pepsi zero

as bebidas estavam igualmente refrigeradas. sem gelo nem limão.

que orgulho. acertei em todos. juro. o mais complicado foi distinguir a coca-cola zero da coca-cola normal. mas aqui está. a pepsi tem um sabor completamente diferente da coca-cola. é mais doce e tem um cheiro que as distingue de imediato. a cola de marca branca é basicamente açúcar. nota-se tão bem a diferença. a língua parece que se encarquilha de tão doce ser. não me enganam mais a dizer que é tudo igual. porque não é. experimentem fazer o teste. se forem realmente apreciadores de coca-cola vão perceber as diferenças. estou mesmo contente. agora sempre que me disserem que é tudo igual eu respondo que não. mas agora com toda a certeza do mundo. 

terça-feira, 15 de novembro de 2016

todos odiamos qualquer coisa

vamos aqui falar hoje sobre coisas que temos de fazer todos os dias e não gostamos assim tanto de as fazer. todos os dias temos que lavar os dentes - duas vezes ao dia, quando não vai para as três ou quatro. todos os dias temos de tomar banho. lavar a cara mal acordamos. fazer o chichi matinal. comer. dormir. vestir. despir. pentear. secar o cabelo. e ainda não acabou. quando se cozinha em casa a coisa tem tendência a complicar. lavar a loiça. pôr a mesa. arrumar a cozinha. passear o cão. três vezes ao dia, quando também não vai às quatro idas à rua. bolas, tanta coisa aqui que tenho que fazer todos os dias e não gosto. vamos começar por lavar os dentes. ninguém gosta de lavar os dentes. lavar os dentes é chato. ter a boca cheia de espuma com aroma a mentol não é agradável. a sensação do pós-lavar-dentes é boa, mas quer dizer, menos espuma nessas pastas de dentes, se faz favor. a coisa agrava-se quando adormeces no sofá. estás enroscado na manta bem quentinho e pronto a passar para a cama para completar o sono de princesa que estavas a ter. no entanto, nesta altura gera-se um conflito na tua cabeça para tentar perceber se vale a pena submeter a tua boca a um massacre de mentol. nestas alturas - e sei que não sou a única, não me lixem - é óbvio que os dentes ficam por lavar. bolas, não posso desperdiçar o meu sono com coisas supérfluas. porque, muita atenção, ir lavar os dentes com uma tosga de sono é motivo suficiente para insónia. o banho. há dias que gostamos outros nem tanto. cabelo molhado. corpo encharcado. há sempre aquela parte do corpo que nunca seca à primeira: ali o vinco por baixo das nádegas, não é? aquela merda nunca seca à primeira passagem com a toalha. vestir é uma chatice quando acordamos sem saber se nos apetece sair à rua lindas ou em modo caguei. despir-me quando chego a casa ao final do dia é das coisas que tenho que fazer todos os dias e gosto. e tirar o sutiã? bolas, isto é inexplicável, não é? é quase como a vinda ao de cima depois de um dia inteiro em apneia. secar o cabelo é a maior seca. é aquele momento em que não podes fazer mais nada e tens de estar com a cabeça para baixo. não ouves ninguém, não vês ninguém, as duas mãos estão ocupadas e o cabelo teima em não secar. depois do jantar arrumar a cozinha é também uma chatice. cozinhar é muita giro, arrumar nem tanto. passear o cão é talvez das piores tarefas do dia a dia. passear o cão quando não nos apetece é doloroso. quando está frio. e chuva. passear o cão é mau. para quem não tem cães passeá-los é muita giro. mas, meus caros, esse fascínio desaparece quando tens que ir pôr o cão a fazer chichi e cocó três vezes ao dia. não é bom. nunca apetece. mas como o amas muito até fazes o sacrifício. todos temos coisas que não gostamos de fazer e que temos de fazer todos os dias. nem que seja acordar. como é que me estava a esquecer? o pior de tudo talvez seja mesmo acordar depois de um sono tão profundo.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

só daqui a trezentos anos

todos os anos chega-nos a notícia da lua. a notícia da lua é precisamente o que está a acontecer hoje. todos os anos a lua está maior do que no ano anterior e todos os anos só daqui a dezoito anos, quando não elevam a fasquia para os cinquenta, é que volta a haver uma lua igual. o mesmo acontece com os eclipses. só daqui a trezentos anos é que volta a acontecer. no entanto, o que não falta são luas grandes, eclipses e coisas bonitas que o céu tem para nos oferecer. a lua está realmente bonita. se está mais próxima ou não não sei. eu gosto da lua. gosto mais da lua que do sol. a lua tem alguma coisa que me fascina. gosto de a olhar fixamente por tempo indefinido. e não gosto que me interrompam. mas voltando à notícia da lua. eu acho piada ao ar entendido com que as pessoas falam sobre a suposta aproximação da lua. ouve lá! já viste a lua hoje?? está mesmo perto! nunca esteve assim! para estas pessoas a lua está mais perto porque no telejornal diz que a lua está mais perto. se leram sobre isso? não. interessam-se pelo tema? não. os media controlam tudo. controlam as eleições - prova disso é o trump ter-se tornado presidente dos estados unidos. controlam a forma de cada um pensar. qualquer dia controlam o que cagamos. e se há um dia que não o fazemos os media hão de saber. os media têm sede de notícias. mostram conteúdo poucochinho e alimentam o inútil. o caso do tal pedro dias é um bom exemplo. bolas, será que há necessidade de alimentar esta merda? meia hora de telejornal por dia se calhar chegava, não? a obrigação de comunicar o essencial eliminava a porcaria toda que temos de ouvir todos os dias. que tal? 

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

isto não é vírus, pa

já várias pessoas me disseram que não abrem as minhas publicações do blogue no facebook porque acham ser vírus. não é. e nem sabem o que andam a perder.

ACABOU DE GANHAR UM MILHÃO DE EUROS!!!!!!!! PARABÉNS!!!!!!!
 FOI O 1000 UTILIZADOR A ENTRAR NESTA PÁGINA!!!!!!!!!!!

ah ah ah, estava a brincar. não ganharam um milhão de euros nem foram o milésimo utilizador a entrar na página. até porque não tenho tanta gente a querer ler a merda que escrevo. estou a brincar. eu não escrevo merda. mas a parte das mil pessoas é verdade. isto não é vírus, está bem? quem sabe até arranjam um novo entretém para os vossos tempos mortos. até porque faz bem ler. então ler o que escrevo faz melhor ainda.  

donald fucking trump

hoje acordei e o donald trump era presidente dos estados unidos. depois esfreguei os olhos, espreguicei-me, lavei a cara e o donald trump continuava a ser presidente dos estados unidos. tantas opiniões e pontos de vista na comunicação social. fiquem com elas. eu continuo sem palavras. e cá me parece que já estou bem acordada. e o donald trump é presidente dos estados unidos. ou do mundo. como queiram. bom, mal comparado ou não, o antónio costa também se tornou primeiro ministro.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

a saga dos collants

começa o inverno e começa também o flagelo dos collants. há quem diga os collants e há quem diga as collants. eu digo os collants. eu sei que meias são feminino e talvez os collants também devessem sê-lo. mas para mim dizer as collants soa tão mal como dizer a hamburga, como quem se refere a um hamburguer. passando à frente. os collants, principalmente os transparentes, são a dor de cabeça de qualquer mulher. basta uma unha mal limada e já foram cinco euros, quando não é mais, com o caraças. é isso e o dia que fica estragado. o drama podia ficar pela altura em que nos vestimos de manhã, mas não. há que fazer chichi, por exemplo. temos duas opções. ou passamos o dia a seco, sem sequer beber um pingo de água para nem pensarmos em ir à casa de banho ou arriscamo-nos a rasgar as meias logo na primeira ida à casa de banho. e quando abrimos uma autoestrada desde o dedo mindinho até à virilha logo de manhã ao vestir? e a coisa piora quando percebemos que não temos mais nenhuns. pois é. pensavas que ias toda linda num vestido e levas com um par de calças bem skinny - porque agora é o que há - e não te apetecia nada. homens, percebam os nossos dramas. nós quando acordamos a pensar que não nos apetece usar calças é porque não-nos-apetece-usar-calças. e se rompemos os únicos collants que temos vocês não fazem perguntas e dirigem-se ao chinês mais próximo. há sempre um chinês ao pé de casa. no chinês há sempre collants. tamanho único, não tem nada que saber. é barato. o pior é o brilho. parece que vamos com uma bola de espelhos nas pernas, mas é melhor do que usar calças quando não-nos-apetece-usar-calças. está bem? 

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

não há pior que isto

hoje venho falar-vos do maior flagelo que vos pode acontecer durante a noite. não é cair da cama, nem bater com a cabeça na esquina da mesa de cabeceira, mesmo que seja com força. nem ter insónias. é estar a dormir tão profundamente e acordar com a puta de um zumbido de mosquito a fazer corridas do ouvido esquerdo ao direito, sem parar. porra, até se me estou a encaracolar toda só de pensar naquele zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz, com diversos níveis de tom, profundamente irritante. deitei-me praí à uma e meia da manhã. e a festa começou lá para as três, quatro. se dormi duas horas já me posso dar por contente. epa, não há som pior do que o zumbido de mosquito a entrar pelos ouvidos adentro enquanto dormimos, pois não? tentei abrir os olhos, levantei-me e fui acender a luz. vá, toca de despertar porque este mosquito vai morrer. e não há de tardar muito. o gajo andava-me a tourear. eu só via mini vultos e merdas pequenas à minha volta. ainda tinha os olhos embaciados. parecia que em vez de uma lâmpada de sessenta watts tinha um sol do meio dia no quarto. às tantas pousou e dei-lhe com umas calças de treino que estavam ali mesmo a jeito. como acordei cheia de energia a força que fiz nem deu para lhe dar uma festinha. acho que quando ainda estava a dar impulso com o braço o cabrão já tinha fugido. apaguei a luz do quarto e fui acender uma luz no corredor a ver se o despistava. toda eu a pensar em truques de como-enganar-a-puta-do-mosquito. deitei-me de novo. tudo indicava que ia ter uma noite descansada depois desta super armadilha. acho que não passaram nem cinco minutos para voltar à carga. dei chapadas em mim própria, assim bem de repente que era para o apanhar de desprevenido, pensava eu. mas antes de eu pensar em fazer isso já o bicho estava no candeeiro a mandar-me manguitos. tentava apanhá-lo no ar. punha-me debaixo do edredão. nada. puto. zero. o pânico estava instalado. sim, porque a esta altura já estava com medo de dormir. desde que comecei a escrever este texto ainda não consegui parar de me coçar. bolas, não é bom acordar assim. e nas últimas duas semanas já é praí a terceira vez. acho que não mereço. quero o frio. quero o inverno. ou então começo a dormir enrolada em papel celofane com tampões nos ouvidos. é que não preguei mais olho. de manhã vi-o pousado na minha perna pronto a sugar todas as minhas entranhas. matei-o. dei uma chapada tão grande na minha perna que acho que ficou dormente uns segundos. estou com medo de ir para a cama hoje. 

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

chanel faria

a minha avó adora gatos. sempre teve gatos. mas há muitos anos que não se metia nisso porque os estafermos iam passear ao jardim e perdiam-se no meio do mato deslumbrados com a vida selvagem. sempre que lhe dizia que um dia aparecia com um lá em casa dizia-me que não queria e ficava logo nervosa comigo. é que eu sou aquela neta meio avariada da cabeça que era bem capaz de fazer uma dessas. e a minha avó sabe disso, claro. então com uma voz bem firme e altiva dizia-me ai de ti, não quero gatos. nunca chegámos a acordo. uns dias dizia que até não se importava de ter um gato, mas logo a seguir voltava a ser bruta e fria e dizia-me que não porque isto, isto e isto. havia sempre um monte de razões sem sentido nenhum. do género, ah, mas depois faz xixi e como é? oh, e também vai ter que comer, não é? e quando eu não estiver em casa? e quando for à missa? e eu fartava-me de rir. chega de indecisões. a avó já não vai para nova e se morre sem lhe ter dado um gato quem fica nervosa sou eu, dizia para mim. esta semana soube que havia vários gatos para adoção no hospital veterinário onde costumo ir com a pêpa. olha, é hoje. apareci com uma gata de dois meses à porta. ela é do tamanho de uma garrafa de água de trinta e três centilitros, se tanto. é mini. parece um rato. ainda nem miar sabe. mal olhou para a gata disse a minha avó o que é isto? isso não é para mim... mas com aquela cara a tentar disfarçar o sorriso que não conseguia evitar. devia ter gravado o momento. aquela expressão foi tão boa... fiquei tão contente. e a minha avó também. o raio da gata tinha vindo a miar o caminho todo, desde o veterinário até casa. e não é que se calou mal a pusemos no colo da minha avó? que bem... bom, na hora de escolher o nome passamos por xuxu, lulu, lelé, lili, todas essas palavras de duas sílabas que servem para nomes de animais. loló, lucas, lecas, licas, tita, tota, lota, tudo. eis que alguém diz chanel. chanel ficou. é uma gata chique e de bem, claro. onde fui buscar a chaneeeellll (dito como se tivesse a ter um ataque trissomia vinte e um) havia muitos mais. gatos e gatas. passem pelo hospital veterinário das laranjeiras e fiquem a conhecê-los. por mim ficava com todos, mas não dá. façam uma brincadeira destas às vossas avós. elas não vão dizer que não. se consegui fazer isto com a minha avó toda a gente consegue!

podem ver os bichos que ainda estão por adotar aqui

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

fuck nos

esta semana deixei de ser cliente da nos, zon ou o raio que os parta. já não podia com eles. era boxes sempre a falhar. era fidelizações que não tinham sido acordadas. apoio ao cliente pior que mau. só razões para estar super hiper mega satisfeita, não é? bom, primeiro que conseguisse cancelar a merda do contrato tive que ter uma conversa - uma não, muitas - a discutir com pelo menos três colaboradores. eu não queria discutir, juro. mas fui forçada. já vão perceber porquê. estes tipos não aceitam que queiramos sair. queriam impingir-me promoções e coisas que nunca antes propuseram. acho que se quisesse ter um serviço de borla era esta a altura. mas agora nem dado. então, mas é cliente há tantos anos... quais são os canais que quer ter mais? o problema é a mensalidade? nós baixamos, porque realmente tem os preços desatualizados. então, mas tem a certeza que quer cancelar? mas pense melhor. olhe, oferecemos-lhe uma mensalidade mais baixa que a concorrência. mas qual é o motivo de cancelamento? tem a certeza? este discurso vezes dez. juro. repetiam e repetiam e eu já a fumegar. quem me conhece já sabe o que a casa gasta. e quando se põem a enrolar e a fugir à conversa começo a ficar com o cérebro encaracolado. disse-lhe que não queria que me oferecessem canais nenhuns. que o meu problema não são os canais. tenho trezentos canais e uso praí uns sete. perguntei-lhe porque não me fizeram estas propostas todas antes. a resposta foi um silêncio de alguns segundos seguidos de outro bombardeamento de propostas. mas pense melhor, não tem de cancelar. qual é o motivo? nós baixamos a mensalidade se for esse o problema. oh minha senhora, eu estou a ligar a pedir para fazer um cancelamento de contrato. não é assim tão difícil, pois não? acho que não lhe estou a pedir para ir buscar um elefante a áfrica e pô-lo a cagar em cima de um pinoco da estrada. a parte do elefante não disse, mas pensando melhor era boa ideia a ver se a tipa se enxergava. então e pode dizer-me qual é a empresa concorrente que vai instalar? não, não posso. estou a pedir-lhe que cancele o contrato com a nos e é isso que quero que faça, por favor. foi um filme. um filme que me deixou com os nervos em franja. não posso com os tipos da nos. para além da porcaria das avarias constantes no equipamento o serviço ao cliente deixava-me nervosa muitas vezes. e ainda mais razão me deram para cancelar o contrato com este filme todo. sempre ao telefone. entretanto mudei para a vodafone e não quero outra coisa. descobri que tenho netflix na televisão. posso fazer compras. pa, encomendar comida. posso encomendar comida na televisão. que mais posso querer? ser mais preguiçosa que isto? estar em frente à televisão a mandar vir comida toda refastelada no sofá e sem ter que falar com ninguém? estou tão contente por perceber a tempo que a vida é melhor do que eu pensava. estou mesmo satisfeita. até porque o apoio ao cliente da vodafone dá vinte a zero ao da nos. 

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

meninas virgens e leis

as leis são como as meninas virgens, são para ser violadas. alguém disse isto. e isto é muito grave. vim do porto e não arredo pé enquanto não estiver nada resolvido. não arredo pé. não arredo pé. pá, lixem-se. eu nem sei o que dizer. tenho as palavras em forma de turbilhão na cabeça. claro que me predisponho a ser conduzida por um violador de meninas virgens. afinal para que é que elas existem? toca de violar meninas virgens. é tão bonito. até lhes mostram o outro lado da vida. eu cá até me sentia agradecida. deve ser assim que conseguem a clientela. depois deste dia como é que alguém vai conseguir resistir a ser transportado por qualquer um destes senhores? o melhor é que fazem publicidade gratuita à uber e cabify. e bastante eficaz, até. nem os próprios comunicariam tão bem. eu nem consigo dizer mais nada. que cambada de animais. que selva. que nojo. vão ser taxistas para o raio que os parta. porra. à tarde um taxista foi entrevistado a dizer que iria ser uma manifestação pacífica. é, viu-se. este mundo está virado do avesso. bolas. 

terça-feira, 4 de outubro de 2016

mecânico mau

eu tenho uma sina qualquer com os carros. todos se me avariam. ehh, calma que a culpa não é da condutora! eles é que já vêm todos estropiados para as minhas mãos. todos menos o fiat. era o meu lindo, querido, velho e adorado audi a3 que me deixou apiada não sei quantas vezes. depois o smart que também só me dá despesa e trabalho. e agora o fiat. fogo, o fiat? este é que não estava à espera. rebentou o sistema de refrigeração? mas que merda é essa? cá para mim deviam inventar carros à prova de avaria. bolas, eu sei lá o que é o sistema de refrigeração de um carro. e sei lá o que é o tubo não sei do quê. sei que tem motor, rodas e anda se lhe pusermos gasolina. e já é muito! deviam mover-se só com ar, há tanto e nem era preciso pagar. o carro - o fiat-zinho - foi para a oficina na quinta feira e os estupores ainda não me fizeram a porcaria do diagnóstico. desde quinta feira! ora, hoje é terça. se calhar já estava na hora. estes tipos dão a volta às mulheres com uma pinta. como não percebemos um cu de carros dizem-nos o que quiserem e nós só temos de acreditar, porque nem sabemos argumentar contra. eu queria conseguir arranjar um mecânico de confiança sem ter de lhe fazer uma lap dance cada vez que precisar que me arranjem não sei o quê, mas não está fácil. quando pensava que tinha encontrado finalmente um também me estava a tentar chular assim de surra. que merda. claro que foi tentar chular outra pessoa. que eu já vou conseguindo distinguir os mais chulos dos menos chulos. alguém que conheça um mecânico que saiba o que faz e que não engane mulheres que me avise, sff. não precisa de ser giro como nos calendários. pode ser feio, gordo. e pode ter restos de sopa no bigode. desde que faça o que tem a fazer e não me engane, tá-se bem. fico a aguardar. adeeeus. 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

chichi no avião

ninguém gosta de casas de banho dos aviões. quem disser o contrário está a mentir. ah, por acaso até nem me faz impressão. dá igual. é como as outras. não, meus amigos. uma casa de banho pública do centro comercial é uma coisa - que também tem pano para mangas -, uma casa de banho de avião é outra. só de pensar que nunca sei como é que a merda da porta se abre já entro em pânico. sempre que entro faço uma espécie de simulação para não me passar quando for para sair do género, ah deixa lá ver se isto ficou bem fechado. é, é. estou é com medinho de ficar la fechada ou fazer figura de urso (como já uma vez aconteceu) a pensar que estava trancada, mas no final de contas estava só a abrir a porta no sentido errado. escusado será dizer que saí lá de dentro a suar por todos os poros e com o coração a mil. next. outra coisa muito importante quando se vai a uma casa de banho num avião é a concentração. se já numa casa de banho pública normal é complicado imagine-se com o chão todo a tremer por baixo dos pezinhos. ora, concentração para o chichi não ir pelas pernas abaixo. para não salpicar para onde quer que seja. para não bater com a cabeça na porta. não tocar no lavatório. para a roupa não tocar em nada. e os cabelos? bem arrepanhados para não raspar sem querer não sei onde e ganhar micose. acima de tudo, evitar contacto com o que quer que seja - que nojo. falar do cheiro a mijo nem vale a pena. sim, mijo. chichi ressequido. do senhor que foi à casa de banho no início da viagem quando ainda faltam oito horas para chegar ao destino. é apertar atacadores, cabelo, suster a respiração e esperar que corra tudo bem. e o autoclismo? fogo, isto é o pior. é tão mau. gosto tanto daquela porcaria que às vezes até me esqueço de puxar. juro. é nojento. mas o meu cérebro bloqueia. porque assim que saio e fecho a porta lembro-me que não puxei e que a pessoa que foi a seguir a mim vai achar que sou nojenta e mal criada. não sou juro. mas o meu cérebro salta essa etapa sem querer. aquele barulho ensurdecedor a sugar aquela porcaria toda sabe-se lá para onde deixa-me nervosa. e tendo em conta que já vou lá para dentro preocupada com tanta merda esqueço-me, pa. acho que é normal. e muita sorte tenho eu de já ir à casa de banho. é que antes aguentava e chegava a terra cheia de dores. mas cheia. sem conseguir andar, quase. era muito mau. por isso decidi que devia começar a ir à casa de banho nos aviões. e como vêem não é nada fácil. ehh, mas só vale chichi. o resto que se aguente. nem que fique entupida até às orelhas. 

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

acampar é mesmo giro

este verão decidi que tinha de fazer algo diferente. alguma coisa que me tirasse da rotina casa-praia-casa-copos-casa-praia e por aí em diante. achei então que acampar era uma boa ideia. há sempre um amigo que tem uma tenda que possa emprestar. saco-cama já tinha. toca de comprar colchões com um centímetro de altura. siga. vamos acampar. vai ser a puta da loucura! começámos por um parque de campismo. mal sabíamos o que nos esperava. reclamávamos das condições. casas de banho partilhadas? chuveiro público? e fazer cocó? fogo. a minha vida estava a andar para trás. ou tapava o nariz, fechava os olhos e pensava que estava numa retrete numa penthouse com vista mar ou ficava toda entupidinha o resto das férias. bom, passou o choque. até que a vida de campista nem é má. tirando este ou aquele detalhe. as pessoas são muito simpáticas. há toda uma noção de comunidade e entreajuda que desconhecia por completo. a tenda era daquelas que se abrem e está feito. isso pensava eu. lembrava-me lá da porcaria das estacas... e espetar aquela merda no chão? trabalho duro. a primeira noite passou e tínhamos sobrevivido. mal, mas conseguimos. o colchão era tão confortável que se calhar mais valia dormir no alcatrão. sempre sabia para o que ia. enfim, está na hora de sair do parque de campismo. a próxima paragem é no festival do crato. toca a subir. três horas de viagem com trinta e tal graus lá fora e com o ar condicionado avariado. bonito. suava dos sovacos, do bigode, das virilhas, de todo o lado. tudo. não havia uma brisazinha fresca. nada. nem para enganar. chegámos ao recinto do campismo. já no crato. eu só estava a tentar perceber o que me tinha dado na cabeça para pensar que isto era uma boa ideia. era tendas a perder de vista. e miúdos entre os catorze e dezasseis anos também. eu não sabia se haveria de rir ou chorar. acabei por chorar a rir. não sabia bem o que estava a sentir. lá descobrimos um sítio para a tenda. isso tem sombra de manhã? sei lá, eu quero é montar esta porcaria que ainda me arrependo e vou-me embora. na hora de dormir, o que é que a joana tem por baixo do colchão? um buraco. pois claro. sou uma sortuda. não basta ter que dormir na porcaria da tenda, com uma merda de um colchão(zinho) e ainda tenho um buraco por baixo de mim. que sonho. estava a adorar. cansada da viagem só queria dormir para a aproveitar o dia seguinte em condições. qual quê! isto era uma piada com certeza. com a sorte, olho  e experiência que nós temos para montar tendas, não bastava ter ficado com um buraco debaixo de mim como ainda tivemos de ficar meeeesmo juntinho ao bar/discoteca que havia nas zonas das tendas. que sonho. duas da manhã música aos altos berros. mas mesmo. imaginem que têm uma tenda montada mesmo ao lado das colunas do urban. ou do lux. ou do raio que vos parta. três da manhã, o chão continua a tremer. miúdos bêbados e com tosgas de ganza a gritar: o benfica é o maior, la la la la! não, o sporting é que é, la la la la! a cabeça prestes a explodir. inês, tens brufen? ficaram no carro. merda. e continua... quatro da manhã improviso tampões com papel higiénico. nada. parece que estou num terramoto. cinco da manhã nada. seis, sete. aquela merda tocou a noite toda! toda!! será isto possível? estou, sim, bom dia, tem um quarto para três pessoas até dia vinte e oito? 

ainda hoje agradeço não ter ficado naquele miserável campismo. tive umas férias diferentes. como queria. e não tive que dormir numa tenda durante uma semana. mais agradecida que isto é impossível. 

sexta-feira, 15 de julho de 2016

desespero é um bocado isto

está aqui a escapar-me algo. o concerto do seal no edp cooljazz vai ser completamente banhada ou é impressão minha? alguém que esteja por aqui a ler esta trampa vai ou tem intenções de ir? é que é o seguinte... eu gosto do seal. ouvia muito as músicas dele na minha infância. comprei bilhetes para o ir ver, mas entretanto marquei uma viagem e não consigo ir. enfim, há prioridades na vida... ando a tentar vender a porcaria dos bilhetes desesperadamente para não ter que deitar cento e tal euros ao lixo, mas não está fácil. é que nem dado. eu até já estou a oferecer e mesmo assim não querem. o que se passa? é porque é preto? é por causa da cicatriz? desabafem! eu gostava tanto de ir e não posso e estou a ver que aquilo vai estar às moscas, ou nem isso. que grave. 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

sou não-hipocondríaca

quem me conhece sabe que gosto tanto de ir ao médico como de pisar merda de cão. aliás, acho que até gosto mais de pisar merda de cão. não gosto de ir ao ginecologista. mas também não conheço ninguém que goste de alçar a perna para deixar o papa nicolau entrar. homens que estão a ler isto: criem a imagem que quiserem na vossa cabeça. estão livres para fazer do papa nicolau o que quiserem. não gosto de ir ao dentista. sim, o mais básico. dentista. até nem custa muito. bom, tem dias. mas também não gosto. detesto. e adivinhem onde estou agora? dentista, pois claro. na semana passada fui arrancar os dois sisos que me faltavam. depois de feita a cirurgia a médica disse para não comer coisas quentes nem sólidas. beba iogurtes líquidos, batidos, gelatinas. também pode comer gelados. e sol, nada de apanhar sol. com dias de trinta e tal graus aí à porta o que eu fiz mais foi não apanhar sol, pois claro. exercício físico também não pode. ai a merda, mas o que é que eu posso fazer? posso fazer chichi? cocó? sim, estou revoltada. não respeitei merda nenhuma do que a médica disse e aqui estou eu cheia de dores. há uma semana que ando a ben-u-ron, brufen e clonix's da vida. ahh, e gelo. gelo foi com fartura. agora vou ter com a sôdoutora e dizer que só bebi batidos, iogurtes, gelatinas e afins. será que ela vai acreditar ou vai mandar-me um manguito e mais meia dúzia de comprimidos para tomar? 

domingo, 17 de abril de 2016

um mundo com quinoa

hoje em dia as dietas ditas saudáveis são feitas à base sementes e farelos e cenas. será que o ser humano está a virar piriquito sem nos apercebermos? agora temos de pôr sementes em tudo se não ficamos gordos. quem é que foi a primeira pessoa a aceitar isto e a fazer disto estilo de vida? comam sementes. ponham sementes em tudo. quer emagrecer mas não consegue? temos a solução ideal! não consegue resistir a uma boa feijoada? acrescente umas sementes de linhaça e até pode repetir duas e três vezes. o melhor? não engorda! ah, ou então quinoa. em vez de arroz comam feijoada com quinoa. que sonho. e aquela sobremesa no final? a tarte de limão? tarte de amêndoas? acrescente uma pitada de sementes de chia e pode comer as fatias que quiser. o mesmo acontece com o mc donalds. até podem comer o menu grande. cheio de batatas fritas, coca-cola, ketchup, molho de batatas, tuude. mas desde que acompanhem com uma dose de sementes está tudo certo. mas atenção... não abusar das sementes é altamente recomendado. qualquer dia também engordamos à conta dos farelos de aveia, das bagas goji e essas merdas todas muita saudáveis. 

domingo, 20 de março de 2016

encontra-me, a merda!

ontem o cão de uma amiga fugiu de casa de manhã. o sábado foi totalmente dedicado ao maluco do cão que não consegue estar um segundo quieto. demos voltas e voltas. e mais voltas. todas as pessoas por quem passavamos perguntavamos pelo cão e deixavamos um contacto. não viu um cão preto e branco com uma coleira castanha perdido por aí? rafeiro, grande? às tantas já não sabia às quantas andava e o cão já era azul e branco. era ver as caras das pessoas a olhar para mim a perguntar se não tinham visto um cão azul. foi dia de sporting. dizer que estava uma confusão na rua é pouco. olha as rulotes! pode ser que ele tenha ido para lá comer restos de bifanas do chão! nada, nicles, puto. bonito... anoiteceu. porra, agora ainda vai ser mais difícil encontrar aquele rafeiroso (calma, é dito com carinho). o medo das estradas, vias rápidas era mais que muito. no final de tudo só não queríamos que ele fosse encontrado por nós - ou por outra pessoa qualquer, mas principalmente por nós - na berma de uma estrada estendido no meio do chão. o tempo passava e nada. fizemos um anúncio num site de cães perdidos ao que parece muito conhecido - o encontrame.org. o tempo continuava a passar e nada de cão. eram já nove da noite. nós continuavamos às voltas e a falar com todas as pessoas que víamos na rua. ninguém tinha visto o cão. que estranho... às tantas, às voltas por odivelas liga-nos um número desconhecido. boa noite, estou a ligar-lhe do canil municipal de lisboa. o seu cão está aqui. esteve envolvido num sinistro. tem uma pata traseira partida, mas já está feito o curativo. nós quase não deixámos o senhor falar. o cão?? encontraram-no?? está aí?? está bem?? podemos ir buscá-lo?? todas nós tremíamos e só queríamos ir buscar o maldito cão. o senhor do canil diz que a pessoa que atropelou o cão fez queixa à polícia por ter causado um acidente. no entanto avança com uma solução que seria pagar um x para a senhora retirar a queixa e assim já podíamos  ir buscar o cão. se não o fizéssemos o caso iria para tribunal e só podíamos ir buscar o bicho na segunda feira. achamos a história estranha e fomos ao canil tentar perceber o que se passava. pagar para ir buscar o cão? queixa na polícia? então o cão foge e ainda tenho de pagar para o ter de volta? ao falar com as pessoas do canil percebemos que anda para aí um tipo a fazer burlas nestes sites de animais desaparecidos. ou seja, o cão podia nem sequer estar no canil. por acaso estava lá e estava ótimo. com uma ferida pequena, mas bem. nada de pernas partidas. mais uma vez eu não entendo como é que o mundo pode estar tão cheio de gente de merda. o homem a ver-nos desesperadas e contentes por o cão ter aparecido e estava tranquilo da vida a dizer que era veterinário, que o cão estava bem e que queria duzentos e tal euros (a serem transferidos na hora com apresentação de comprovativo, claro) quando o cão podia até estar morto no meio da estrada. mas isto faz-se? assim que percebeu que tinha sido apanhado não atendeu mais o telefone, claro. filho de uma mãe. por sorte o rafa estava no canil, foi apanhado pelas estradas de portugal no eixo norte sul e acabou por ficar tudo bem. raio do bicho já esgotou uma vida. sobreviver ao eixo norte/sul não deve ser coisa fácil. deixamos um agradecimento às estradas de portugal e a todas as pessoas que ajudaram a procurar o rafeiro louco. a esses burlões desejo uma morte penosa. bem penosa. cabrão. 

terça-feira, 8 de março de 2016

dia do piriquito azul

não gosto de dias de coisas. dia da mãe, do pai, dos avós, da mulher, da criança, do piriquito. acho que não fazem sentido. afinal de contas acho que sou mulher todos os dias. ou não? talvez seja um bocado homem nos dias em que o buço - o bigode! - está por fazer. não vejo motivos para me darem os parabéns a não ser no meu dia de anos. olha, parabéns por seres mulher! epa, obrigada. por acaso tive sorte - ou azar - de nascer com pipi e maminhas. demasiado visual? i'm sorry. meninos, homens, rapazes, como se sentem por não terem um dia vosso? se fores papá já não conta porque tens o dezanove de março só para ti! não sendo esse o caso é menos um presente que recebes durante o ano... eu cá pedia para criarem o dia do homem. só para poder receber um perfume, um jantar ou até mesmo uma flor cor de rosa.

domingo, 6 de março de 2016

são todos muita bons

o objetivo deste got talent é conseguir juntar o maior número possível de merda que existe no país, não é? 

- achas que és o melhor a arrotar? vai ao got talent portugal e habilita-te ao prémio final. 
- tens um grupo de migaaassss que gostam de dançar quando saem à noite? vai ao got talent mostrar os vossos moves e habilita-te ao exigente sim da marisa! 
- se cantas no chuveiro e achas que podias ser uma rihanna da vida, mas achas que o teu talento não é reconhecido vai ao got talent e mostra ao país que és o melhor a ganir!

a marisa acredita sempre que tudo pode melhorar. até um porco na matança representa uma esperança para ela. o tochas... o tochas esbanja estilo. a outra é uma parvinha que gosta de tudo. e o outro é pago para ser do contra. era ter sabido dos castings a tempo e ia lá ser a melhor a tocar o hino da alegria na flauta. ou pífaro. 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

tens aí o comer, diz ela

hoje vi pelas redes sociais o seguinte comentário: ainda não percebi a razão dos betos implicarem com "tens ai o comer" lol. peço desculpa, mas perdi alguma coisa? betos? implicar? tens aí o comer? 

carta aberta à querida não-beta.

querida não-beta,

digo tens aí a comida em vez de tens aí o comer, portanto senti-me atingida pelo seu comentário (e como sou beta vou tratá-la por você). achar que falar bem é ser beto é tão mau como comer um balde de merda com as mãos e depois limpar a boca à camisola que já anda sozinha de tanto uso e tão poucas idas à máquina. isto está pior do que eu imaginava. não são só os betos que têm direito a ir à escola, querida. se na sua escola a ensinaram a dizer o comer, a gente vamos e fizestes temos aqui um problema grave. não só para si como para o país. e que, cá para mim, deveria ser solucionado o mais rápido possível. eu acho que a forma mais eficaz de o fazer é passar uma semana com paula bobone. (ai que dramas de beta, será que bobone tem só um n? que falta de classe, deve ter dois). mas se acha que a tia paula é beta demais (ainda se pega, depois é uma carga de trabalhos) venha ter comigo. ensino-a a comer à mesa, a falar e escrever bem. e ainda tem direito a andar um dia por lisboa num carro bom. à sua escolha. como tenho tantos porque sou beta pode escolher entre o bmw, audi, mercedes, o que quiser. eu não quero é que ache que eu estou a implicar consigo por andar num fiat punto de mil novecentos e noventa. é que assim já nem pode ir passear à baixahh!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

olá, senhor estranho.

o meu post sobre a fatídica entrevista em que levei uma banhada das grandes é lido quase todos os dias por pessoas que não faço ideia de quem sejam. depois de já ter passado algum tempo tenho recebido comentários de leitores a agradecer este tipo de alertas. consegui evitar que mais pessoas fossem levadas neste barco. mesmo que tenham sido só três ou quatro já fico contente. fico mesmo porque sinto que já estou a fazer a diferença, por mais pequena que seja. e já agora, continuem para aí a ler as porcarias que por aqui andam que qualquer dia ainda me ponho a ganhar dinheiro com isto. já que arranjar emprego num tá fácil.