recebi ontem uma chamada de um número desconhecido. estava indecisa a ver se atendia ou não. atendi. era a rapariga da medicina do trabalho. e não consegui escapar. olá joana, é para marcar os exames médicos da medicina do trabalho. qual é a sua disponibilidade? pronto, já fui. o meu cérebro bloqueou por breves segundos e quando voltei a pensar decidi marcar o mais rápido possível que era para não ter muito tempo para pensar em mariquices. e mesmo assim de um dia para o outro já deu para imaginar muita coisa. nunca tinha feito tantos exames médicos como hoje. fi-los porque fui apanhada na curva. ou porque fui obrigada. mais isso. tendo sido apanhada de surpresa ou não tinha que os fazer de qualquer maneira. análises. nunca tinha feito análises na minha vida. impressionante, não é? hoje foi o dia. já posso dizer que fiz chichi para o copo. e ainda bem, porque não podia morrer sem saber qual era a sensação de fazer chichi para um copo. não é bonito. tinha que estar em jejum, claro. mas acordei mais cedo do que o suposto. e o meu estômago começou a dar de si também mais cedo do que era suposto. mesmo ainda antes de sair de casa pensei que fosse cair para o lado. olhei-me ao espelho e estava mais pálida que uma parede branca. nunca desmaiei. mas estava a achar que era hoje também me estreava nessa matéria. peguei no carro e fui a conduzir muito devagarinho. ou não fosse mesmo cair para o lado. e se isso acontecesse sempre provocava menos danos. vejam só o drama. não se esqueçam do texto de ontem. eu sou uma maricas. sou mesmo. choro com agulhas. só de as ver. bom, hoje lá fui. estava sozinha e pensei que tinha de me comportar. disse ao tipo que nunca tinha feito análises e que tudo era novidade para mim. menos as agulhas. essas conheço-as eu bem. e disse também que provavelmente ia chorar e pedi que não fosse alvo de chacota. o que me vale é ter boas veias. não chorei. mas também não vi o tamanho da agulha. nem vi o sangue. se não o cenário teria sido bastante diferente. eu acho que de manhã, ainda em casa, só de olhar para o chichi no copo se me ia dando o badagaio. análise feita. estava eu pronta para ir embora. toda contente porque o pior já tinha passado. eis senão quando me dizem que tenho mais três exames agendados. desculpe? como? eu? eu tenho mais exames? quantos? quando? hoje? agora? juro que isto se passou assim. lá fui. obrigada. pois claro. de outra forma nem as análises me tinham feito. exame ao toráx. dispa-se da cintura para cima e vista a bata. ainda tinha uma esperançazinha em não ficar em pelota e perguntei tiro também o sutiã? claro que tive que tirar o sutiã. sua burra de merda. exame ao toráx querias tirar o quê? e a bata era mais que transparente, claro. bom, exame ao toráx feito. seguiu-se o exame oftalmológico que não foi novidade nenhuma. o pior foi quando me chamaram para o eletrocardiograma. nem sei bem o que é. ninguém explica. só querem é ver-nos em pelota deitados na marquesa e o resto é conversa. outra vez: dispa-se da cintura para cima e deite-se na marquesa. e mais uma vez lá vou eu com a esperançazinha de poder ficar de sutiã. claro que não podia. imaginem que era um tipo giraço e todo no sítio a colocar-me ventosas nas maminhas? p'lamor de deus. esta história de ir ao médico não é fácil. é por isso que não vou. não gosto da espera. não gosto de fazer exames. não gosto de agulhas. não gosto de mostrar maminhas a pessoas aleatórias. não gosto de nada. por mim morria podre por dentro, mas nem isso me deixam. agora o medinho é receber os resultados de tudo. finalmente vou saber se realmente estou podre por dentro ou não. mas tão cedo não me apanham numa destas. a não ser que seja mais uma vez obrigada. aí não tenho opção de escolha.
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