que bom. está instalada a época mais bonita do ano. sabe mesmo bem sair à rua e ver que o país está em movimento. que bom que é esperar meia hora para comprar uns iogurtes. é tão bom sair à rua e demorar mais uma hora (ou duas, ou três) do que o suposto por causa do trânsito. que altura linda e mágica. que bom que é entrar numa loja e quase morrer sufocada. ai que bonito que é o natal. frio. pessoas. confusão. presentes que no dia seguinte vão fora. ou vão para os-meninos-que-precisam no ano seguinte. que bom que é receber o tio trombudo. que bom que é ter as crianças a ganir. que bom que é ter a casa cheia de gente. uns a discutir. outros a comer até rebentar. outros a gritar. outros a cantar jingle bells. é tudo tão mágico, não é?
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
empresas-fraude (hoje um pouco mais sério, mas leiam. mesmo)
hoje um tema mais sério. é um texto grande, mas leiam. a sério. é uma chamada de atenção para qualquer pessoa que esteja à procura de emprego. não se atirem a qualquer coisa que pode dar mesmo para o torto...
nesta fase da minha vida em que ando a estudar à noite o envio de currículos para todo o tipo de ofertas é quase diário. depois de muita coisa enviada em diversos formatos (para me conseguir diferenciar, claro) eis que sou contactada. a B Strategic, empresa a que me candidatei, contactou-me para marcar uma entrevista. na altura fiquei contente, claro, mas achei estranho terem-me respondido logo aqueles a quem eu tinha enviado o currículo mais básico, que por sinal está péssimo, cheio de páginas e páginas. na altura enviei-o só porque sim. como muitas vezes fazemos quando estamos mesmo à procura de alguma coisa. queremos trabalhar, ganhar dinheiro, e se puder ser a fazer aquilo que gostamos ainda melhor. segunda feira fui à entrevista, primeira fase. quando cheguei tive de preencher uma ficha com os dados pessoais, experiência profissional e afins. achei estranho. tal como achei estranho terem-me chamado tendo eu enviado o meu pior currículo. ok, tudo bem, passou. tudo parecia um mar de rosas. tudo aquilo que eu gostava e ambicionava estava ali disponível. ela, a entrevistadora, perguntava o que cada um de nós gostava, queria e valorizava dentro de uma empresa e de acordo com o que nós dizíamos era precisamente essa oferta deles (que coincidência). todas as perguntas mais específicas sobre a empresa eram só respondidas no dia seguinte se passássemos à segunda fase. bom, só tinha que fazer boa figura, pensava eu, para conseguir passar à fase seguinte. saí nervosa e expectante. será que fico, será que não? ficaram de me ligar por volta das oito da noite, do mesmo dia, a dizer se tinha sido selecionada para a segunda fase. esperei, nervosa, e às oito e meia recebo uma chamada a dizer que passei à segunda fase. yess! boa, ai que bom consegui!! pensei eu. fiquei toda contente claro, porque afinal de contas era mesmo aquilo que eu queria! mas afinal em que consiste a segunda fase de entrevista tão esperada pelos candidatos? passar um dia com a equipa de formadores para ficar a conhecer melhor a empresa e o seu dia a dia. segunda fase, chego de manhã, começamos a andar em direção à rotunda do marquês, a pé (a empresa é na duque de loulé). achei estranho e perguntei onde íamos, porque supostamente íamos ficar no escritório a fazer dinâmicas de grupo etc. respondiam que íamos "só ali". não percebi o que se estava a passar, no entanto continuei. pensava para mim que não podia desistir sem saber do que se tratava. achava estranho, mas ok, vamos ver no que dá. continuámos pelo marquês até uma paragem de autocarro. mau, mas afinal isto é o quê? vamos para onde perguntava eu. nunca respondiam objetivamente, diziam sempre, "vamos ali". já me estava a encaracolar toda. mas mais uma vez não podia desistir sem saber o que dali ia sair. outra questão, eu já não ando de autocarro, portanto já não tenho o passe. disse-lhes que andava de carro que não tinha passe nem moedas para pagar o bilhete da viagem porque tinha gasto as moedas todas no parquímetro e só tinha cartão. ok, eles pagaram-me a viagem (mais valia...). no autocarro começo - eu e o resto dos candidatos - a perceber que estamos a ir para os lados de miraflores. mas porra, vimos aqui fazer o quê? já me estava a chatear e a pensar que tinha que ir embora dali porque coisa boa não ia ser. comecei a perceber que mais uns candidatos estavam na mesma situação que eu. queríamos ir embora mal vissemos uma oportunidade. afinal de contas estávamos a concorrer para fazer door to door (para quem não sabe o D2D consiste em andar de porta em porta a vender um produto/serviço). ali eles eram "do gás". não eram do gás porra nenhuma. eram uma "agência" cujos clientes eram empresas no setor das energias (em princípio tudo falso). começámos a juntar as peças todas do puzzle e percebemos que aquilo era tudo uma corja. o currículo nem o avaliaram. nem olharam para ele. daí eu ter sido selecionada com o meu pior cv. e daí terem pedido para preenchermos aquelas fichas com dados pessoas e experiências profisionais no início logo antes da primeira entrevista. depois pediram-nos para levar o cv impresso. ok, tudo bem, é normal. só não é normal utilizarem essa mesma cópia durante a entrevista. normalmente o recrutador tem uma cópia e nós temos outra. outra peça do puzzle: percebemos que, ao contrário do que eles fazem parecer (e muito bem!!), não fomos selecionados para segunda fase por sermos bons ou diferentes, mas sim por termos caído na primeira armadilha: acreditar que aquela empresa nos oferecia mesmo aquilo que nós queríamos. na fase final só cai quem quer e quem está muito vulnerável. o que é uma vergonha para este país. é tudo uma cambada de atrasados mentais, manipuladores que ganham dinheiro sujo à conta de sabe-se lá o quê. o seu capital social é de um euro. e dá ideia de que sempre que são descobertos ou denunciados mudam o nome da empresa. esta onde fui hoje já teve pelo menos três nomes diferentes: JR Marketing Solutions, Systematic Solutions e B Solutions. pelo menos estes três "já cá cantam". meus queridos, não se deixem enganar. não concorram a qualquer coisa. apostem em empresas certificadas e conhecidas por muito tempo que isso leve. isto é o resultado da merda da crise e do desemprego. pessoas desesperadas acabam por ser enganadas e acabam por embarcar neste poço negro sem fim. não se sabe de onde vem o dinheiro. prometem ascensões de carreira quase instantâneas. quem não quer uma evolução rápida com um salário, aparentemente, apetecível? muita atenção... depois de contar isto a meia dúzia de pessoas percebi que isto é mato. o que não falta por aí são estas empresas-fraude. pesquisem muito bem as empresas antes de irem a uma primeira entrevista. se alguma coisa vos parecer estranha numa primeira instância partam para outra. it's not worth it.
sábado, 24 de outubro de 2015
terça-feira, 13 de outubro de 2015
banho de civismo
hoje vou falar sobre um tema que nunca deixa de ser atual: apanhar o cocó do cãozinho na rua. desde que me lembro da minha existência andar por lisboa é como que jogar constantemente à macaca. temos de andar ao pé cochinho e de vez em quando abrir as pernas e os braços de forma a não perder o equilíbrio para evitar pisar a merda do vosso cãozinho que vocês - porcos e malcriados - não apanham. ontem depois do último passeio da minha cadela, à uma da manhã, reparei que tinha pisado a merda de um dos vossos cãezinhos porque vocês - mais uma vez porcos e malcriados -, não apanharam. ia vomitando a limpar aquilo. eu sei que não é a coisa mais estética do mundo apanhar o cocó do cão na rua. não é bonito. mas também não é bonito limpares o cu quando cagas e no entanto limpas. ou não? vá, vamos lá aprender a viver em sociedade. já nem falo dos bons dias, dos obrigadas, dos por favor. epa, apanha o cocó do teu cão. pelo amor de deus. ou melhor, pelo amor que deves ter pelas pessoas iguais a ti. ou tu gostas de pisar merda na rua?
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
easy, minha gente...
no outro dia percebi que dois mil e dezasseis não está tão longe quanto isso. e já fiquei cheia de comichões só de pensar que mais um ano passou num abrir e fechar de olhos. hoje ainda com mais comichões fiquei quando vi sacos de natal no pingo doce. eram grandes, dourados, com estrelinhas e coisinhas alusivas à época. oh minha gente, muita calma nessa hora. é outubro. eu sei que já chove e tal. mas até nem está frio! não tragam o natal mais cedo do que é suposto. pelize. a sério. é que não é nada agradável.
terça-feira, 29 de setembro de 2015
socorro!
o meu maior sonho é ganhar o euromilhões e ser uma diva. hoje ouvi isto da boca de uma jovem estudante de pós-graduação (digo isto porque um cérebro daqueles não devia ter conseguido chegar, sequer, ao ensino primário). agora pergunto-me... o que leva esta pessoa a estudar? o que a leva a tirar uma pós-graduação? está a estudar para conseguir ser uma diva? acha que é a estudar que se ganha o euromilhões? eu começo a questionar o sentido da existência de algumas pessoas. mas que merda é esta? o meu sonho é ser uma diva? ajudem-me. o que é que uma pessoa destas tem na cabeça? merda? caracóis à luta? não basta já esta semana de apresentações em que parecemos todos um grupo de alcoólicos a contar que não resistimos a beber jola no cais do sodré e ainda tenho que ouvir estas atrasadas mentais a dizer que querem ser divas. porra...
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
mais uma para a coleção
domingo, 13 de setembro de 2015
como fazer figura de ursa com estilo
estas férias andei pelas espanhas. como
portuguesinha que sou, mesmo com um semestre com aulas de espanhol, caí na
armadilha do portunhol. a pressão apoderou-se de mim e lá fiz figura de ursa,
como eu tanto gosto. com a cadela numa esplanada: el pierro puede estar aqui?
tumm! pierro? pierro? next. na bomba de gasolina: hola, é párá encher com
gássóliná, pôr fávôr. enfim, tanto fiz figura de ursa nuns sítios como em outros
passei por espanhola. era o tipo do café: és daqui? no, no, soy dé lisboá,
pórtógal, respondi eu. o que importa é ter confiança, não é? podem
ter a certeza que a minha estava bem lá em cima. fiz uma viagem de não sei quantos
quilómetros para fazer figura de ursa. o que vale é que ainda me ri um bocado.
segunda-feira, 15 de junho de 2015
pt report #1
como vocês sabem, sou uma tipa com alguma classe. e como isso dos ginásios é coisa de pobre arranjei um pt. estou a brincar. calma aí, oh miss sensível. bom, comecei a semana passada e vou ter dois treinos por semana. na quinta feira o tipo lá me tirou as medidas todas. coisa que todas as mulheres adoram. e disse que daqui a um mês queria resultados. tudo bem, acho ótimo. ora então, foi na quinta feira que conheci o trx. ao que parece vamos andar em dates pelo menos durante um mês. ele, o querido e paciente paulo, diz que ao início a relação com este tipo costuma ser complicada, mas que depois não vou querer outra coisa. eu ri-me. ou chorei. não sei bem. enfim, aqui fica um pequeno resumo. a primeira meia hora correu muita bem. o pior foi depois: joana começa com tremeliques e a ver tudo à roda. joana diz ao paulo que não está a brincar. joana vai andar sozinha pelo jardim. joana senta-se no chão de cabeça para baixo. joana leva na cabeça do pt e percebe que foi testada. joana levanta-se e continua a ver tudo à roda. joana bebe água. joana recupera e continua os exercícios. sempre com tremeliques nas pernas. joana sobe e desce bancos. já com muito esforço. joana faz abdominais. joana faz aranha. joana faz trx. joana corre. joana faz flexões. joana não sabia que sabia fazer flexões. joana sabe fazer flexões. joana faz prancha. com e sem pés e mãos e tudo. joana bebe água. joana vê tudo à roda, mas agora a rir. joana acaba treino. joana desde então só pensa em sopas e saladas. joana não pensa em mc donalds. joana não pensa em doces e bolos. a joana está diferente. a joana vai fazer inveja à boazona da gisele bündchen. joana está a abusar da sorte. joana está com dores. com muitas dores. amanhã há mais. joana espera não voltar a ver tudo à roda. joana está a sentir-se positiva.
o dia em que descobri...
sabes o que é sentir que ficaste sem chão? que o mundo caiu aos teus pés? sabes o que é ficares completamente impotente perante algo? sentes-te enganado? defraudado, até? fiquei assim quando percebi que os danoninhos não se chamam danoninhos mas sim danoninos. calma, não te baralhes. lê bem: da-no-ni-nos. sem h. sinto-me triste e, sinceramente, perdida. andei uma vida enganada. andei vinte anos a dizer danoninho. vinte. não bastava já ter descoberto tarde que o "partida, lagarta fugida" era largada e não lagarta? esta gente anda a enganar as crianças com uma pinta... e ouve lá, pa. o trinaranjus também nunca se chamou trilaranjus. ensinem as crianças a falar e evitem desilusões futuras. é que isto dos da-no-ni-nos não tem cabimento algum. parte de mim está de luto neste momento.
vê, vê como nos enganaram!
quinta-feira, 11 de junho de 2015
três requisitos para um mundo melhor
tu, tu aí que não fazes piscas. qualquer dia saio do carro a oferecer-te pancada. estou a brincar. mas às vezes apetece. sempre me ensinaram que três formas de percebermos se uma pessoa é educada é ver como se comporta no jogo, à mesa e no trânsito.
no jogo:
num jogo, seja ele qual for, há sempre aquele atrasado mental que perde, fica amuado o resto da semana e recusa-se a jogar a ronda seguinte. querido, aprenda a perder. ria-se um bocado que isso passa. depois há o outro tipo de atrasado mental: o vencedor. arma-se ao pingarelho, acha-se o maior e o facto de ter ganho é só mais uma prova da sua genialidade, esperteza (normalmente saloia). mesmo que tenha ganho a fazer batota. nenhum dos dois sabe ganhar ou perder.
à mesa:
ter maneiras à mesa é quase raro hoje em dia. cada vez que estou num restaurante evito olhar para os lados ou arrisco-me a vomitar no meu próprio prato. meus queridos, os cotovelos em cima da mesa não dá. e pegar nos talheres como se estivessem a agarrar num taco de basebol também não. já para não falar das asas que não resistem a abrir-se. a boca aberta... oh meus amorzinhos lindos, eu não tenho que ver o que estão para aí a ruminar. muito menos tenho que ouvir os barulhos da comida aí às voltas. não tenho. fechem a boca. não é assim tão complicado. juro. e não levem a boca ao prato como se fossem uns cães. os braços e os talheres servem para alguma coisa, não será? é que fica mal pa. é nojento. bora lá fazer só um esforço a fechar a boca enquanto comem? já me poupavam muitos impulsos pré-vómito.
no trânsito:
o mesmo chico esperto que não sabe perder, ganhar, nem tem maneiras à mesa, não sabe ceder passagem. não sabe fazer piscas. cospe pela janela quando não tem oportunidade de o fazer abrindo a porta. apita no segundo a seguir ao sinal verde cair. acelera quando o tentas ultrapassar. entre tantas outras coisas. querido condutor, não seja assim. evite acidentes e evite que eu tenha acidentes ao ficar parva a olhar para si a cuspir pela porta do carro. não atire o pacote de batatas fritas que acabou de comer pela janela também, se faz o favor. e já agora, não estacione o seu carro num lugar onde poderiam caber dois.
adeeeus. beijinhos, meus docinhos. tenham o resto de um bom dia. e toca de estudar que este tempo não está para festas.
segunda-feira, 1 de junho de 2015
posso apagar a luz?
calma seus desgraçados, não é nada disso que estão praí a pensar...
eu tenho uma coluna daquelas que tocam no banho. podem levar com água do chuveiro, vapor, tudo. foi só a melhor coisa que inventaram. posso dar concertos a solo para todos os meus fãs imaginários. eles aplaudem e pedem mais gritando "só mais uma!" vezes sem conta. eu lá cedo e como tenho mais uns três minutos até tirar o champô da cabeça dá para cantar mais uma da paula fernandes, a sem você. experimentem ouvir isto no banho. vão sentir-se os donos do mundo. enfim, a música (não a da paula fernandes, mas outra) está neste momento a tocar na tal coluna na casa de banho. eu estou no quarto. eis que minha querida empregada, nanda para os amigos, me vem perguntar "joana, a música só toca com a luz da casa de banho acesa?". fiquei um bocado confusa com a pergunta e apeteceu-me rir. mas como sou uma miúda educada disse só que não e agradeci ter ido apagar a luz. tão querida, não foi? é como se me perguntasse se a televisão só funciona com a luz da sala acesa. aaai, estes adultos de hoje em dia são tão engraçados...
eu tenho uma coluna daquelas que tocam no banho. podem levar com água do chuveiro, vapor, tudo. foi só a melhor coisa que inventaram. posso dar concertos a solo para todos os meus fãs imaginários. eles aplaudem e pedem mais gritando "só mais uma!" vezes sem conta. eu lá cedo e como tenho mais uns três minutos até tirar o champô da cabeça dá para cantar mais uma da paula fernandes, a sem você. experimentem ouvir isto no banho. vão sentir-se os donos do mundo. enfim, a música (não a da paula fernandes, mas outra) está neste momento a tocar na tal coluna na casa de banho. eu estou no quarto. eis que minha querida empregada, nanda para os amigos, me vem perguntar "joana, a música só toca com a luz da casa de banho acesa?". fiquei um bocado confusa com a pergunta e apeteceu-me rir. mas como sou uma miúda educada disse só que não e agradeci ter ido apagar a luz. tão querida, não foi? é como se me perguntasse se a televisão só funciona com a luz da sala acesa. aaai, estes adultos de hoje em dia são tão engraçados...
segunda-feira, 25 de maio de 2015
c'mon...
mas até quando é que vão durar os festejos do benfica? não chega já de festa, de fumos encarnados e de camisolas sintéticas a cheirar a suor?
segunda-feira, 4 de maio de 2015
se o natal é quando um homem quer o dia da mãe também
olá, meus pequenos e pequenas. este texto que vão ler agora não é meu mas podia bem ser. prestem atenção a tais sábias palavras.
"Dia da mãe. Milhares de posts nas redes sociais. A minha mãe é linda. A minha mãe é incrível. A minha mãe é a melhor do mundo. Tudo muito lindo, muito fofinho. Mas, se calhar, a tua mãe não é assim tão fixe.
Pergunta à tua mãe o que é que as pessoas acharam dela quando eras pequeno e andavas a correr pelo restaurante. Gritavas. Berravas. Eras impertinente e incomodavas toda a gente. A tua mãe ria-se e dizia que não eras mal-educado, eras apenas hiperactivo. Sim, claro que era isso. Não eras nada um aglomerado de mimo fabricado pelo embevecimento exagerado e anormal que a tua mãe tinha por ti. Nada.
Agora és daqueles que trata os empregados de mesa com despeito, que não pára nas passadeiras e que acha que o mundo todo lhe tem uma dívida eterna apenas pela sua glorificada existência. És um bocado uma merda. E a culpa também é da tua mãe.
E tu, que antes de te tornares o adulto execrável que és, quando foste gozado na escola por seres um badocha a quem todos chamavam o “leitão do 5º C”? A culpa foi da tua mãe. Ela é que todos os dias em casa te dava douradinhos com batatas fritas e ainda te dava dinheiro para comeres croissants com chocolate e coca-colas na escola. Foram anos que passaste a levar baile dos teus colegas, enquanto ela adorava as tuas bochechas tristemente obesas e te fazia estar cada vez mais próximo de um enfarte aos 35. Um amor perverso, no mínimo.
E tu, que andas no ginásio e tiras uma selfie ao espelho todos os dias. Todos. Às vezes nem te apetece ir ao ginásio mas precisas daquela selfie porque o défice de atenção que tiveste em criança está aí incrustado na epiderme, logo abaixo na tua lisa barriga ou dos teus peitorais definidos. Sim, a culpa também é da tua mãe que preferia ver novelas horas a fio sem sequer perguntar como tinha sido o dia.
E tu, que te chamas Henrique Henriques, Fernando Fernandes, Jéssica Sheila, Rúben Fábio e tanta outra atrocidade. A culpa já sabes de quem é. Mas também foi ela que ficou felicíssima quando acabaste o 9º ano com tudo 3 e dois 2. Foi à rasquinha. Mas ela ficava orgulhosa com estes teus feitos medíocres e isso fez com que agora a palavra “ambição” conste tanto no teu vocabulário como “kamehameha”. Só a dizes a brincar.
E tu, sim tu que ainda não nasceste. Ou que já cá andas mas nem consegues ler isto. Tu já estás em todo o lado. A tua mãe já te mostrou em radiografia, a tomar banho, a comer, a dar os primeiros passos, a usar roupas ridículas, já mostrou os teus desenhos, já contou como é a cor do teu ranho e já decidiu o que vais ser quando cresceres. Já toda a gente sabe a tua vida sem te terem perguntado se querias. E a culpa?
Mas nem sempre.
Há, de facto, mães incríveis. Se calhar, és só uma merda por culpa própria. Se calhar, a tua mãe fez tudo o que podia e não podia para criar um ser humano razoavelmente decente. E mesmo assim tu falhaste. Então não lhe desejes um dia feliz. Pede-lhe só desculpa.
Se ela fez um bom trabalho, não te esqueças disso o resto dos 364 dias".
Diogo Faro
queria escrever sobre isto há algum tempo, mas não sabia bem como abordar o tema. é isto. obrigada ao idiota do diogo faro. e não, a minha mãe não andou a falar da cor do meu ranho. e graças a deus hoje não sou um desses que se refere às empregadas como criadas. peço por favor. agradeço. cumprimento o porteiro e a senhora das limpezas como te cumprimento a ti. isso tenho que agradecer à minha mãe, sim, mas não no primeiro domingo de maio de cada ano. faço-o todos os dias sendo quem sou. não dou importância ao dia da mãe. nem ao dia do pai, do avô (até porque não tenho), da avó, do primo, do piriquito. para mim esses dias são só uma palhaçada. o consumismo puro e duro apodera-se de todos os filhos e a depressão apodera-se da minha avó. é que se não lhe ligo no dia vinte e seis de julho cai o carmo e a trindade. a minha mãe já se habituou à ideia há muito. mal seria... daí não sentir a necessidade de dar um presente do dia da mãe, nem em qualquer um desses dias que inventaram. até porque sou egoísta e não tenho nenhum dia para mim. e o dia do filho? e o dia em que a minha mãe publica uma fotografia minha no facebook a dizer que me ama? ahhhh. pois bem, a miúda a quem chamam kika é minha mãe todos os dias e eu dou-lhe beijinhos e digo que gosto muito dela quando me apetece. ontem por acaso não foi um dos dias, mas ela também não ficou triste. foi só um dia em trezentos e sessenta e cinco.
terça-feira, 14 de abril de 2015
mataram a diana
hoje mataram a cadela de uma amiga minha. e com a cadela foi um bocadinho de todos nós. e perguntam vocês, mas mataram como? não, não venho aqui falar de simbas e isto está longe de se tornar notícia (não estou, de forma alguma, a desvalorizar essa situação). mas que revolta, isso revolta. foi da forma mais estúpida e comum de matar os animais. foi enganada com um pedaço de carne envenenado. foi brincar para a rua como sempre fez durante anos e anos (já era velhota, aspeto que se torna irrelevante para o que aqui escrevo) e quando voltou a casa caiu redonda no chão aos pés de quem mais a amava. foi num sítio com poucas pessoas. onde supostamente ninguém faz mal a ninguém. porque afinal de contas todos se conhecem e são quase como que uma família cheia de primos afastados. mas afinal a coisa não é bem assim. não se sabe quem foi. mas sabe-se que na semana passada morreu o cão de uma vizinha exatamente da mesma forma. mas o que é isto? a cadela não era má, agressiva. nada disso. era até bastante sossegada, querida e afável com as pessoas. é uma pena que estes bichinhos fofos de quatro patas que mudam as nossas vidas não consigam distinguir as pessoas boas das más. até para nós às vezes é complicado. devia haver um mecanismo de alerta cada vez que um atrasado mental destes se aproximasse. mas o que se pode fazer? a diana não volta. e o cão do vizinho do lado também não. mas esse senhor ainda há de comer esse mesmo pedaço de carne envenenado ao jantar. deus queira que seja uma morte ainda mais lenta que a da diana. eu vou acreditar que o karma (seja lá isso o que for) se vai encarregar de tratar dessa gente reles. filho da puta.
quinta-feira, 9 de abril de 2015
mulher sofre!
tu que estás a ler estas palavras: se és magra e tens um bom rabinho baza. se gostarias que os genes tivessem sido mais bonzinhos contigo join in! esta trampa de comer e engordar é uma chatice. chatice, não. chatice é pisar cocó de cão. engordar é mesmo uma merda. uma pessoa não pode comer o que lhe apetece que se não acaba um potezinho (ou potezão) com pernas. passo a vida a emagrecer e engordar, como todas nós. (e tu, magra e com rabo jeitoso se ainda estás a ler isto já disse para bazares. tens uma segunda oportunidade). fico um mês a comer bem, leia-se de forma saudável, e fico muita contente porque consegui emagrecer "olha aqui!! já se nota!! não estou mesmo bem??" dizemos nós todas contentes para as amigas, mães, familiares, whatever. depois como as amigas e afins até concordam ficas muita feliz e como já estás magra significa que podes alambazar à balda nas porcarias. ele é pão de manhã à tarde e à noite. ele é sobremesas porque só uma não faz mal, ele é lanches nos cafés porque também, vai ser isto que me vai engordar, queres ver? e lá se vai a magreza e a alegria. ficamos na merda. ficamos deprimidas. olhamos para o espelho e vemos uma baleia com orelhas, cabelo e pernas. e voltamos à dieta. achamos que passámos dos limites e agora é que vai ser! eu sinto que, nas férias da páscoa, assim em três dias, engordei dez quilos. nas fotografias em vez de ver a joana via a jobaleia. (epa, não. não teve piada. mas lá que é verdade é). passando à frente. neste momento alimento-me de legumes e peixes. e iogurtes líquidos. e água. e estou a sofrer. e por falar nisso, tenho os videos do fitness do youtube à minha espera. daqui a uma semana (ou duas) digo se ainda estou na fase comer saudável ou se já passei à fase do alambazamento. espero que não. se não de baleia passo a mamute. adeeeus.
terça-feira, 7 de abril de 2015
superioridade masculina (eles são todos muita bons)
irrita-me a forma desprezível e altiva com que os homens falam connosco, mulheres, sobre carros. mas desta vez refiro-me mais especificamente aos mecânicos. fui com o carro à oficina ver o que se passava porque cada vez que arranco parece que explode uma bomba inaudível. é uma nuvem cinzenta (preta, mesmo) que mais parece que estou a chegar às portas do inferno. bom, o tipo pegou-me no carro. ou tentou. não sabia pô-lo a trabalhar. é automático. ok, tudo bem. pode acontecer. não tem mal. mas para os quilos de testosterona que o tipo carrega em si dia após dia era um ultraje uma mulher ensiná-lo a ligar um carro. onde é que já se viu? enfim, começou-me a mexer naquela porcaria toda e eu a insistir que o podia ajudar. nada, claro. por favor... lá conseguiu desvendar o mistério. ufa, que esta era complicada... depois vem-me outro tipo dizer o que tinha o carro. então passo a descrever a pequena conversa:
- olhe, é a ERG.
- como? é o quê?
- a ERG.
- ahh, ok. e agora em português, sff.
e lá me explicou. mas que merda é que passa pela cabeça destes gajos para pensarem que eu sei o que é a ERG. estão bêbados ou é apenas para mostrarem a sua superioridade perante uma figura feminina? oh meus, manquem-se. nunca na vida vão ser melhores que eu ou que qualquer outra pessoa porque sabem o que é a ERG, ah ah ah. era eu responder-lhe com os P's do marketing mix que ia ver o que era bom para a tosse. raios parta a esta gente. é como os médicos. também adoram falar chinês para quem não percebe para se armarem ao pingarelho. tenham juízo e usem linguagem menos técnica com quem não está dentro da área, está bem? não temos que nascer todos a saber tudo sobre mecânica nem sobre medicina, nem sobre marketing, nem sobre o raio que o parta.
e vão-se lixar homens das engenharias mecânicas que estão a ler este texto e neste momento a gozar com a minha cara. só agora é que fui confirmar o nome daquela porcaria e não é ERG mas sim EGR. adeus, eu digo como eu quiser. está bem?
ser (estagiário) ou não ser? eis a questão
todo o meu encanto pelo mundo dos estágios morreu no ano passado. descobri que afinal isto não é assim tão fantástico como me fazia parecer. talvez por não ter encontrado aquilo que queria. talvez por ter andado quase um ano a encher chouriços em duas empresas diferentes. mas não foi só por isso. descobri que há muita gente (mais ainda) estúpida, frustrada e malcriada. também há muita gente que não faz um boi e recebe o seu ordenado ao fim do mês. e está a estagiária (ou mula, como queiram chamar, sendo que chamando-lhe estagiária ou mula vai dar ao mesmo: eu) a trabalhar que nem um cavalo e nem um euro para o parquímetro recebe. tudo bem. estou a ganhar experiência e currículo. claro que sim. o maior desafio é o teste à minha paciência e discernimento. bom, como estava a dizer... também há muita gente que, para além de tudo o que já disse, não sabe que a palavra "vocês" não leva cê cedilhado e que uma prateleira não é uma parteleira. há os que dizem mal de tudo (como eu agora) e os que dizem bem de tudo. ambos são igualmente insuportáveis. há os que passam os dias em frente ao computador e não conseguem sequer largar um "bom dia" perdido no ar. há os que te arregalam os olhos porque sim ou porque acordaram com os pés de fora da cama, que vai dar ao mesmo (praticamente todos os dias), e tu tens que comer e calar, porque afinal não passas de um estagiário que só está ali a empatar o bom funcionamento da empresa (ah ah ah). também há pessoas boas. educadas. que sabem escrever e te ajudam quando vêem na tua cara o ar suplicante a questionar o que fazes ali. sabem criticar o bem e o mal. mas há poucos. na verdade este mundo das empresas não é nada mais que o mundo real. há pessoas más e boas. as más que nunca vão mudar e as boas que esperemos que nunca mudem para o bem da sociedade (e da minha sanidade mental). quando entrei neste meio tinha as expectativas elevadas como qualquer miúda de dezanove anos. estava bem enganada. pelo menos por enquanto. a verdade é que mudou muita coisa. cresci e percebi que lidar com colegas de trabalho não é tão fácil quanto isso. chorei muito, mas também ri muito. e ainda bem que assim foi. que se não não estava agora aqui a escrever para vocês, meus pequenos. resumindo, não queiram trabalhar. fiquem mas é em casa a roçar o rabo pelas paredes ou então a ver o benfica com uma jola na mão. estou a brincar. não estou nada. estou sim.
terça-feira, 31 de março de 2015
a dona crisálida tem algo a dizer
quando eu pensava que a língua portuguesa já estava mais que assassinada ouvi isto. ouçam apenas entre os cinquenta e sete segundos e um minuto e sete. e não é só a língua portuguesa que está assassinada. esta gente tá perdida. e matar é um hobbie. muita atenção com os vizinhos que nunca sabemos quem mora na porta ao lado, está bem? ah o vizinho deitou cigarros para o estendal onde estava secar a cuequinha e a calça do pijama? (sim sim, cuequinha e calça) não tem problema. ah, e sujou a tchért manga cava com a cuspidela mal mandada? oh senhores, não se aborreçam que ainda acabam na cova mais cedo do que esperam. o problema são os discutimentos. as pessoas discutimentam muito. oh minha querida crisálida, a senhora é uma poeta.
quinta-feira, 26 de março de 2015
afinal de contas ele só queria partilhar a experiência
mas que raio de moda é esta de agora os aviões andarem a cair que nem tordos? umas vezes é por terrorismo, outras por falhas técnicas e outras porque sim. como foi o caso deste último. um tipo decide matar-se, mas como tem um espírito de partilha maior que ele próprio decide que outras pessoas também devem passar pela experiência de se espetarem contra uma montanha. de avião. um momento que agora vou falar com o morto: olha lá meu grande canalha, e se te espetasses no teu carro sozinho contra uma parede? até podias ir bêbado e tudo. até te rias um bocado. agora espetares um avião contra uma montanha e levares cento e cinquenta macacos atrás? (fim da conversa com o morto). este mundo está a ficar doido. será da crise? anda tudo a fritar o miolo? isto não é terrorismo mas é quase. é a seita andreas lubitz limitada. sim, quem é que nos garante que não há mais atrasados mentais destes por aí? o que lhes vale é que se morrer a viajar morro feliz. estou a brincar. tinha que dar aqui um toque especial no meio de tanta desgraça. enfim, tu que te queres matar, emborca mas é duas caixas de ben-u-ron e deixa lá as adrenalinas para a tua segunda vida com os anjinhos. é que ainda há quem goste de andar por cá.
quarta-feira, 18 de março de 2015
humor e boa disposição é o que se quer
hoje trago-vos coisas novas. a beatriz gosta que é só genial. depois digam que não sou amiga. ora espreitem:
para quem não conseguir ver em cima pode ver aqui.
"não me interessa ir para a televisão imporem-me limites. já temos 16 episódios gravados, tenho muito material escrito. vai ser sempre construtivo, com umas dicas para as damas e para os damos, ao domingo, em formato ressaca, mas não vai ser sempre na cama. eu é na cama, no sofá, na mesa de jantar, na rua, ao balcão, etc!", diz ela. neste momento estão três vídeos disponíveis. investiguem. aguardemos por mais. e a ti, queridinho ou queridinha, desejo uma noite cheia de sonhos com póneis cor de rosa e purpurinas.
terça-feira, 17 de março de 2015
que bem que sabe
mal sabe ela que estou a falar dela aqui. e agora. provavelmente nunca vai saber. o que é uma pena. todos os dias passo por ela. é uma querida. a senhora que distribui o jornal destak ali para os lados do rato. é uma brasileira amorosa. já anda por ali há uns tempos. umas vezes aceito o jornal outras nem por isso que se não transformo o baby numa gráfica. ou então numa lixeira. e não pode ser. a querida senhora que distribui o destak - de quem eu não sei o nome - todos os dias me esboça um sorriso carinhoso acompanhado de um bom dia igualmente carinhoso. já me conhece por passar ali todos os dias. e mesmo sabendo que nem sempre aceito o jornal passa por mim ligando o botão de pessoa fofinha que há em mim por momentos. tou a brincar. sou sempre um amor. isto para dizer que gosto muito de passar por lá. gosto muito da senhora. e gosto muito dos seus bons dias. sou uma tipa que liga muito a estas coisas, o que se há de fazer? querida senhora brasileira que distribui o destak no rato, se alguma vez ler isto, sou eu, a joana do smart!
sábado, 7 de março de 2015
eu morro, tu faleces
hoje venho falar-vos sobre a morte, meus queridos. sim, a morte. ou direi falecimento? uma das coisas que se me encaracolam o cérebro é o problema que as pessoas têm em dizer determinadas palavras. como dizer que o não sei quantos faleceu em vez de morreu. não entendo o porquê de fugir a sete (mil) pés desta palavra tão bonita. pronto, vá. já estou a abusar da sorte. mas vamos lá ver uma coisa. acham que dizer falecer é mais atenuador? não é tão forte como dizer morrer? cá para mim o falecer é só estúpido. ai o não sei quantos faleceu. mas faleceu o quê, pa? morreu. bateu a bota. esticou o pernil. foi-se. é que parece que se tende a utilizar o termo falecer quando se trata da morte (e não do falecimento) de alguém próximo porque atenua qualquer coisa. não sei bem o quê. a dor? não me parece. o impacto? também não. isto de morrer é uma coisa normal minha gente. agora falecer... isso é que é mais grave. e quem está a falecer aos poucos e poucos é o bom uso da língua portuguesa. deixem-se lá de merdas e enfrentem o touro pelos cornos. o cão não faleceu. morreu. o tio de noventa anos não falece. morre. está bem? outra questão muito importante: alguém me consegue explicar o sentido da expressão "adorar de morte"? então, mas afinal a morte (e, mais uma vez, não o falecimento) é um coisa boa ou má? e mais uma: "amar de paixão" - quando se ama já é de paixão. ou não? ama-se de ódio? às tantas... na verdade a culpa de tudo isto é da nossa traiçoeira e complexa língua portuguesa. agente 'tamos sempre a aprender. e quem leu esta última frase sem qualquer tipo de espanto, para mim, é como se tivesse acabado de falecer. beijinhos e continuação! (outra expressão fantástica desta língua maravilhosa).
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
no outro lado do mundo
nesta terra tá-se bem. calor, sol, gente simpática e paisagens bonitas é o que não falta. aqui sinto-me uma verdadeira rainha. no hotel tratam-nos como se fossemos umas estrelas. é um sítio zen, calmo. e temos as músicas dos índios de belém a tocar dia e noite. o único senão é estar estorricada que nem uma lagosta. mas isso depois passa a bronze. tranquilo. o dinheiro... o dinheiro deles é uma cena que me deixa com os miolos feitos em água. aqui não se fala em um euro, dois euros, naah. aqui é aos mil. mil mocas, duas mil mocas (sim, mocas é o nome universal para qualquer moeda). e quando nos falam em oitenta mil mocas até se nos vem o coração à boca, mas depois percebemos que estamos a falar de uma módica quantia de cinco euros e voltamos a respirar. hoje queria comprar uma coisa que ando à procura desde que cheguei que custava quinze mil mocas. aqui a pobre só tinha doze mil. ou rica, se formos a ver perguntei-lhe se tinha troco de duzentas mil mocas (calma, isto não é nenhuma fortuna. mesmo) e recebi um não. eis que tentei negociar: então, como não tem troco de duzentos mil e nós só temos doze mil faz-nos um desconto e fica assim, que tal? (isto tudo em inglês, pois claro). qual quê! a filha da mãe disse que não. chamei-lhe vaca na cara (agora sim, em português e com uma voz fofinha para ela não desconfiar) e a tipa ainda se riu, ah ah ah. se há coisa que adoro no estrangeiro é chamar nomes às pessoas na cara e elas nem aí. às vezes pela europa é mais arriscado. mas aqui... oh por favor. sempre que posso mando umas postas de pescada. e o mais giro é que eles ainda se riem. mas são tão queridos, tão fofos, tão prestáveis. vivia aqui na boa. ah, e se pensam que conduzir em lisboa é só para fortes venham aqui. motas, carros, pessoas, cães, galinhas... tudo on the road. e viva a anarquia!
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
o iphone faz heróis
ontem faltou-se-me a luz no prédio. fiquei sem elevador. a garagem estava escura que nem breu e o que me salvou foi um smartphone. cheia de pressa, às sete e meia da manhã tive o prazer de descer sete andares e subir outros sete. sem faltar o jogging matinal desde a portaria à garagem. acreditem que por aqui ainda é um bom bocado. cheguei à garagem não via um boi à frente. saquei da lanterna do iphone e toca de correr para o carro com o pensamento de ligar as luzes o mais rápido possível e zarpar não fosse o demónio atacar-me. depois de correr, subir e descer escadas que nem uma desalmada cheguei ao carro. parecia que tinha andado a noite toda anterior a fumar que nem uma perdida. os pulmões pareciam querer sair-me pela boca. e o meu pé direito ganhava vida própria quando queria acelerar. isto contado não tem a mesma emoção. senti-me uma verdadeira heroína. a correr que nem uma perdida na garagem às escuras com a lanterna na mão à procura do carro? pff, digno de filme. mal entrei zarpei dali como se fosse o vin diesel no velocidade furiosa. os pneus só não fizeram barulho a raspar no chão porque não calhou. mas o mais giro aqui é que o iphone me fez sentir uma verdadeira heroína. sem ele, naquela altura, não era nada. é que nem as escadas às escuras tinha descido. e subido.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
filhos da mãe
acho que ando a ser seguida por canídeos. isto é castigo por lhes ter chamado nomes? é que ainda por cima vi o gordo careca a multar-me da janela e não pude fazer nada. filhos da mãe. ardam todos no inferno.
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
hábitos do portuguesinho
este hábito que o portuguesinho criou de dar moedinha ao arrumador de carros é só a pior coisa que se podiam ter lembrado. quando o tipo realmente ajuda a arrumar o carro num lugar apertado ok, tudo bem, compreende-se. agora dar dinheiro porque ele apontou para o lugar que nós já estamos a ver desde há um quilómetro? só podem estar a brincar. é que não basta uma pessoa ter que dar dinheiro aos cães da emel para ter que dar também ao "arrumador" de carros que se limitou a apontar para um lugar vazio. eu não dou. risquem-me o carro. furem pneus. façam o que quiserem. isto tudo porque hoje estava eu a estacionar em belém num lugar que já estava a ver quase desde o campo grande e o gajo pede-me dinheiro sem ter dado um pio. nem sequer o típico "destróóóça!". estacionei, vim-me embora e ouço um "boa tarde" como quem pede a boa da moedinha. disse-lhe que não tinha que dava depois (este discurso já eles conhecem bem). sabem qual foi a resposta do tipo com um ar todo emproado?
- olhe, lá dentro há livros sobre o desenvolvimento humano. (a apontar para o ccb)
- como? (eu a fazer-me de parva como quem não tinha percebido) ali dentro há livros sobre o desenvolvimento humano? ahh, ta bem. é para eu ler? ahh, ta bem, eu vou ler, então!
estes gajos não são normais. então têm a lata de vir dizer a uma pessoa para ir ler livros sobre o desenvolvimento humano por não dar moeda pelo simples facto de ter apontado para um lugar vazio? isto é uma piada? é que eu só me consegui rir. quando cheguei não tinha riscos no carro nem pneus furados. prova superada, não? bora lá começar a largar esta mania? se calhar sermos chulados pela emel já chega, não?
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
é agora
a única forma de evitar o cansaço com poucas horas de sono é recorrer às drogas, não é? que pena. acho que vai ser desta. é que o café não está a resultar. tenho dois calhaus em cada olho e o meu corpo pede desesperadamente uma cama.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
não me apetece dar um título a isto
é quando ouço alguém gritar "aii, vou partir uma mama!" que tenho a certeza que o mundo está perdido. partir uma mama? epa, pelo menos utilizem os termos certos. como "ai, vai-se-me rebentar a mama" ou "ai, a minha mama vai explodir". estar calada também é uma boa hipótese. talvez a melhor. hoje estou cansada e fui ao supermercado. para além de parecer que estava a ter um avc ao pedir pão esperei meia hora por dois bifes. meia hora. no talho. à espera de dois bifes. ah, e a burra da cristiana (sim, estou a falar da casa dos segredos) não pára de perguntar por que raio o cara de sapo (ou tartaruga) lhe chamou pastilha. oh raio que a parta. burra que dói. são dez e meia e tenho que ir estudar. a minha vida não é isto. este fantástico e articulado discurso é fruto do cansaço e de horas (poucas) mal dormidas. mas vocês gostam na mesma. desde que tenham qualquer coisinha para matar os tempos mortos está bom, não é? vá, adeusinho. já tinham saudades, admitam.


