terça-feira, 8 de setembro de 2020

paul walker das ambulâncias

já alguma vez experimentaram quase morrer abalroados por uma ambulância? pois. eu também não até ao domingo passado. e preferia ter continuado assim. tal foi o choque que só hoje me sinto em condições de deitar cá para fora. estava o trânsito parado numa rotunda. e eu estava parada no meio de uma entrada. eis senão quando vejo uma ambulância em marcha de urgência a alta velocidade - como se não estivesse trânsito nenhum - a enfiar-se quase no meu carro. nota: era de noite, por isso as luzes intensificam-se. e o pânico também. eram luzes azúis a fazerem-me epilepsia. o tinoni a furar-me os tímpanos. e os máximos a deixarem-me o batimento cardíaco intermitente. achei que ia morrer. e o gajo da ambulância em vez de ter uma urgência passava a ter duas. como no café, quando pedes um mas afinal são dois, sabem? o empregado a gritar: oh jorge, pass'á dois! eu pagava para ter visto a minha cara de terror. é que gritei e tudo. aquele grito histérico pré-morte trágica, sabem? não tive reação e fiquei parada à espera de morrer. até que passado um segundo percebi que o senhor velocidade furiosa tinha parado - praí a cinco centímetros de mim (estou a exagerar, mas ao mesmo tempo acho que cinco centímetros é justo para o susto que apanhei) - e fiz marcha atrás com as pernas meio dormentes e ainda a levar com as luzes azúis. e o tinoni. e os máximos. estes gajos das ambulâncias armam-se em campeões da estrada. era ele ter-me levado à frente que a urgência dele passava logo a ser outra. palhaço. ia buscar quem? um velho de cento e dez anos em paragem cardíaca? calma, é humor. não é não. uma paragem cardíaca aos cem anos é um pedido biológico de clemência. deixem-nos ir. beijinhos, vá.    

Sem comentários:

Enviar um comentário