diz que ensinar as crianças a andar de bicicleta vai passar a fazer parte do programa escolar. vamos lá fazer uma pausa e pensar sobre isto. no meu tempo aprender a andar de bicicleta era uma atividade lúdica com os pais ao fim de semana. lembro-me bem que foi na expo que dei as primeiras pedaladas já sem rodinhas. hoje o que fazem as crianças com os pais? estão todos tão mergulhados nos telemóveis que nem se lembram que tem de se ensinar as crianças a andar de bicicleta, por exemplo? ou a nadar. ou a correr, só. os pais de hoje não têm paciência para os filhos. não têm paciência para educar. para ensinar. o que me leva a crer que têm filhos para poderem publicar no instagram que #babyontheway. e que #momtobe. e mais uma data de outros hashtags sem sentido. não é a primeira vez que falo sobre este tema aqui e não será a última. porque, de facto, estou assustada com o que está a acontecer. no outro dia via uma mãe a brincar com o filho no jardim. até aqui tudo bem. o problema é que quem estava a brincar era a mãe. e o miúdo assistia. cenário: mãe e filho no jardim a jogar baseball. o filho lança a bola. e a mãe é que está com o taco a tentar acertar. depois destes primeiros lances as bolas estão cada uma para seu canto. a mãe vai apanhar as bolas. a criança fica a olhar. agora trocam. ufa. a mãe lança a bola. o miúdo tenta acertar. o que aconteceu a seguir? a mãe foi apanhar as bolas e a criança ficou a olhar, mais uma vez. ora, isto é um cenário de análise muito rico. cá no meu entender, quem deveria estar a tentar acertar nas bolas era a criança e não a mãe. afinal de contas o jogo foi feito para os miúdos para que possam desenvolver uma data de capacidades, nomeadamente o equilíbrio, pontaria. trabalho de equipa. entre muitas outras aptidões. quem deveria também andar de rabo para o ar a apanhar as bolas deveria ser a criança e não a mãe. não só por uma questão de respeito intrínseco (que hoje em dia parece não existir - culpa dos pais), mas também porque supostamente terá mais destreza para o fazer, porque está mais perto do chão, porque é mais ágil. quando ouço pessoas a dizer que vislumbram um futuro com crianças super empreendedoras e cheias de iniciativa eu tenho alguma dificuldade em acreditar. neste momento o que vejo é putos acanhados. nada desenrascados. e com os olhos presos nos ecrãs dos telefones. tudo bem que muita coisa acontece no digital e ainda bem. mal seria se não concordasse e se não utilizasse. mas há muito para além disso. existem capacidades que não podemos perder. e saber andar de bicicleta, nadar, dar cambalhotas e jogar à apanhada creio que não é ser demasiado exigente.
Sem comentários:
Enviar um comentário