hoje vamos falar de morte. mas vai ser soft. trust me. até porque cá para mim não existe outra forma para falar sobre a morte se não assim. ora vamos lá a isto. cada vez mais acredito que nós somos todos feitos de matéria. que um dia desaparecemos e tudo acaba. tal como acaba para os ratos que vemos mortos no passeio. e para as gazelas que são caçadas pelos doidos dos leões esfomeados na savana. a verdade é que nascemos, fazemos o nosso papel - seja ele qual for - e morremos. para sempre. esta semana morreu um familiar meu. foi horrível. principalmente a forma como morreu. e a injustiça que é ter morrido ela e não um velho qualquer com mais de oitenta anos. a verdade é que dei por mim a pensar na efemeridade da vida. ontem estava viva. hoje já não está. e nós continuamos com a nossa vida. os semáforos continuam a passar de verde para encarnado. o trânsito em lisboa continua igual. continuamos a acordar todos os dias para trabalhar. e continuamos a ter de ir às compras para termos o que comer em casa. com a diferença de que aquela pessoa (e tantas outras) já não existe - com corpo. mas cá para mim, as pessoas só morrem quando deixamos de pensar nelas. de falar nelas. de as fazer existir nas nossas vidas. parece contraditório mas não é. vejamos. o corpo, de facto, deixa de ter vida. já não conseguimos ouvir a voz. sentir o toque. já não podemos barafustar, discutir - e a verdade é que já nem nos apetece. mas dos que morrem ficam em nós as memórias - em fotografias, vídeos, em momentos aleatórios gravados na nossa cabeça. e fica também a missão de os manter vivos. falando deles. sentindo saudades. fazendo-os existir. gostava que quem está a ler este texto visse um filme que veio reforçar o que pensava sobre a morte - só morre quem é esquecido. o filme é em desenhos animados, mas não se deixem enganar. vejam. é o coco. é revoltante. não queremos que ninguém morra. mas já que assim é aceitemos com naturalidade. e continuemos a fazer com que as pessoas existam mesmo depois de deixarem de existir.
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