já assumi. o meu cão é doente crónico. sim, sim. é cadela. mas eu chamo-lhe cão. e eu é que sei porque ela é minha e não é vossa. portanto cão será, ok? pronto. o meu cão é doente crónico. e isso está a criar em mim uma depressão crónica. sabem porquê? porque tenho que lhe dar medicação a cada duas horas. e isto não é vida para mim - nem para ninguém. é que às tantas já penso que mais valia ter um filho em vez de um cão – sempre sei com que genes posso contar. e à partida uma criança não fica doente durante seis meses seguidos, a não ser que seja caso sério. a pêpa saiu linda, maravilhosa, fofinha, tudo de bom – só que depois tem todas as maleitas que um bulldog francês pode ter. sim, sim. não precisam de me cair em cima, porque com essa raça querias o quê? vão à merda, seus insensíveis e hipócritas. dizem isso, mas depois têm um pastor alemão. ou um labrador. ou um galgo. ou um cocker spaniel. ou outra merda qualquer sem ser rafeiro. ou mesmo que não tenham nada disto não me irritem. portanto, amigos e amigas. quem se quiser oferecer para tratar da pêpa durante uma temporada sejam livres de falar – mas não é preciso serem todos ao mesmo tempo. os candidatos serão submetidos a entrevista para avaliar competências de cuidados de enfermagem para canídeos. serão também avaliados a nível psicológico para testar sanidade mental, claro – que para malucas já chegamos nós que estamos nisto desde junho. nós faremos visita de quinze em quinze dias - um pouco na lógica de filhos de pais divorciados. em alternativa posso sempre arrancar-lhe os dois olhos e pôr olhos de vidro. hoje em dia com o avançar das tecnologias aposto que nem se reparava. e acabava-se com a brincadeira das gostas de duas em duas horas. e poupava-se também muito em medicação. talvez seja mesmo uma hipótese a considerar. na vida temos sempre de fazer o balanço entre as coisas boas e más para tomarmos uma decisão, não é? é que aqui o único contra que encontro é a pêpa ficar ceguinha.